A Comissão Parlamentar Mista de Inquérito do 8 de Janeiro está investigando um novo capítulo no caso envolvendo o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e seu ex-ajudante de ordens, o tenente-coronel Mauro Cid. Segundo informações divulgadas pelo jornal O Globo nesta sexta-feira (4) foi revelada uma troca de e-mails em que Cid negocia a venda de um luxuoso relógio da marca Rolex, que teria sido recebido durante uma viagem oficial.

Militar alegou a interessada que não tinha o certificado do Rolex porque “foi um presente recebido durante uma viagem oficial”, e que pretendia vender a peça por US$ 60 mil.

Os documentos apresentados à CPMI revelam uma conversa datada de 6 de junho de 2022, entre Cid e uma interlocutora, que demonstra interesse em adquirir o valioso relógio. Na troca de mensagens, ele também comenta sobre a baixa no mercado de relógios usados, especialmente para modelos cravejados de platina e diamante, devido ao alto valor dessas peças. Por esse motivo, ele deseja ter certeza de que ambos estão alinhados antes de prosseguir com a negociação.

O relógio em questão faz parte de um conjunto de joias que Bolsonaro recebeu durante uma visita à Arábia Saudita, em outubro de 2019. Essa coleção foi devolvida pela defesa do ex-presidente em abril deste ano, após a Polícia Federal abrir uma investigação sobre uma tentativa de integrantes do governo de trazer, de forma irregular, outro conjunto de joias sauditas avaliado em 5 milhões de reais. Essa segunda remessa foi apreendida pela Receita Federal no aeroporto de Guarulhos, em São Paulo.

O tenente-coronel Cid, que atualmente está preso desde maio, foi identificado como a pessoa que liderou, por ordens de Bolsonaro, as operações para tentar reaver o conjunto de joias após o confisco. Ele também está sendo investigado pela Polícia Federal por suposta participação em um esquema de fraude no cartão de vacina. Durante a operação que resultou em sua prisão, foram descobertas diversas conversas de teor golpista em seu celular, uma vez que ele ocupava o cargo de braço-direito do ex-presidente.

Além das investigações sobre a tentativa de venda do Rolex, a CPMI está apurando as movimentações financeiras de Cid. Segundo um relatório produzido pelo Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf), o militar movimentou 3,2 milhões de reais em seis meses, valores considerados incompatíveis com seus rendimentos conhecidos.