O candidato republicano Donald Trump discursou na manhã desta quarta-feira (6), enquanto os votos das eleições nos EUA estavam sendo contados. Finalmente, com o fechamento de Wisconsin, um dos estados-chave, Trump obteve 277 dos votos contra a democrata Kamala Harris, que obteve 270.

Com a vitória, Trump se tornou o primeiro presidente eleito condenado criminalmente na história dos Estados Unidos. Em maio deste ano, o então ex-presidente americano foi considerado culpado em 34 acusações que enfrentava relacionadas ao pagamento secreto feito por ele a uma atriz pornô pouco antes de sua primeira eleição presidencial, em 2016.

À época, Trump já havia recebido o título de primeiro ex-presidente dos EUA a ser condenado criminalmente. A sentença, porém, não lhe deu inelegibilidade.

A Constituição norte-americana não prevê requisitos que barrem a candidatura de cidadãos com ficha criminal. A legislação diz apenas que é necessário ter ao menos 35 anos, ser nascido no país e morar nos EUA há pelo menos 14 anos.

A situação é bem distinta da brasileira, que, desde 2010, tem em vigor a chamada Lei da Ficha Limpa. No Brasil, se tornam inelegíveis aqueles que forem condenados, em decisão transitada em julgado ou proferida por órgão judicial colegiado. A inelegibilidade dura por 8 anos, após o cumprimento da pena.

As condenações do lider de ultradireita

Trump foi procesado por fraude contábil ao declarar como gasto de campanha um pagamento feito a uma ex-atriz pornô. O dinheiro, segundo a acusação, foi pago para comprar o silêncio de Stormy Daniels para que ela não tornasse público o suposto caso que tiveram durante a campanha presidencial de 2016, da qual ele saiu vencedor.

Em um dos processos, Trump é acusado de tentar reverter de forma ilegal as eleições presidenciais de 2020. Ele sistematicamente contesta a sua derrota nas urnas naquele pleito, que culminou na invasão do Capitólio (o prédio do Congresso dos EUA) em janeiro de 2021.

Discurso anti-imigração

No seu discurso, o líder da extrema direita agradeceu aos eleitores por todo o apoio, já que o Senado estará agora sob o controle dos republicanos. Uma das primeiras coisas que ele falou no seu discurso foi sobre sua política de imigração: “Vamos fechar nossas fronteiras e teremos que deixar as pessoas entrarem no país. Queremos que as pessoas voltem. Temos que deixá-las voltar, mas elas terão que fazer isso legalmente”.

A retórica anti-imigrante de Trump durante a campanha tem sido xenófoba, acusando os imigrantes de gerar criminalidade, de vir ao país para cometer crimes e de roubar empregos americanos.

Nesta terça-feira (5), a presidenta mexicana Claudia Sheinbaum Pardo, em sua conferência matinal, destacou uma redução de 75% no número de migrantes que chegam à fronteira com os EUA, em resposta à advertência de Trump de impor tarifas se o México não conseguir conter o fluxo de migrantes e o crime organizado.

Na segunda-feira (4), durante um comício de encerramento da campanha, Trump ameaçou diretamente Sheinbaum com a imposição de uma tarifa de 25% sobre as exportações se o país não interromper a “enxurrada de criminosos e drogas que entram” nos Estados Unidos.

Em resposta a essas declarações, Sheinbaum comentou que “às vezes não há informações suficientes” dentro dos partidos Democrata e Republicano “sobre o esforço que o México fez para reduzir a migração ou a presença de migrantes na fronteira”.