Diversidade nas eleições aumenta com mais candidatas mulheres, negras, indígenas e LGBT+
Eleições deste ano terão pela primeira vez mais candidaturas negras do que brancas, o maior número de mulheres das últimas três eleições, além de crescimento da participação de indígenas e LGBT+
Eleições deste ano terão pela primeira vez mais candidaturas negras do que brancas, o maior número de candidatas das últimas três eleições, além de crescimento em candidaturas indígenas e LGBT+
Por Mauro Utida
Várias campanhas de organizações sociais tem trabalhado para aumentar a diversidade de gênero nas eleições e incluir mais mulheres, negros, indígenas e grupos LGBTQIA+ no Congresso Nacional que hoje é restrita a apenas 15% de mulheres na Câmara, no Senado Federal, este número não ultrapassa 13%.
Esta mobilização nacional é confirmada nos números do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), que contabilizou 28.371 candidaturas registradas, com o maior número de mulheres candidatas das últimas três eleições gerais. E, pela primeira vez, desde que foi instituída a autodeclaração racial, em 2014, o percentual de candidaturas negras é superior ao de candidaturas brancas em uma eleição geral.
Em 2014, quando começou a autodeclaração de raça, o percentual de candidatos negros foi de 44,24% do total. Em 2022, chegou a 49,49% e superou o número de candidatos que se declararam brancos. De acordo com o TSE, são consideradas candidaturas de negros aquelas de candidatos que se declaram pretos ou pardos.
Nesta eleição, 18,13% das candidaturas femininas serão de mulheres autodeclaradas pretas e 0,88%, de mulheres autodeclaradas indígenas.
Candidatas pretas
As mulheres são a maioria do eleitorado brasileiro, com cerca de 53%, mas ainda tem pouca participação nos espaços públicos de poder. Conforme informado no início deste texto, elas ocupam apenas 15% na Câmara dos Deputados, e 13% no Senado Federal.
Já o número de candidatas pretas cresceu em comparação a 2018 e a 2014, ano em que a autodeclaração racial foi instituída. Neste ano, 1.696 candidatas que se autodeclararam pretas registraram suas candidaturas, o número é 39,9% maior em relação a 2018 e 103% em relação a 2014.
Para a vereadora na cidade de Contagem-MG que atua como líder de governo na Câmara, Moara Saboia, apesar deste aumento, ainda não temos eleitas um número suficiente para suprir a quantidade de eleitoras, que é superior à quantidade de eleitores homens. “É necessário força e voz para legislar sobre nossos próprios corpos, com leis e iniciativas pensadas e pautadas por nós. Mais do que votar, queremos ser votadas, e mais do que isso, queremos ser eleitas”, diz a jovem que é colunista da Mídia NINJA e candidatura à Deputada Estadual de Minas Gerais.
Bancada do Cocar
Em 132 anos de República, somente dois indígenas tiveram cadeiras no Congresso Nacional como deputados federais, o primeiro foi Mario Juruna de 1982-1986; e 36 anos depois Joenia Wapichana se elegeu 2018 e é candidata à reeleição, em Roraima.
Em relação a 2018, o número de candidatas indígenas cresceu 67,35%, passando de 49 para 82. Já em relação a 2014, a alta é de 182,76% (foram 29 naquele ano). Ou seja, quase o triplo.
A ANMIGA (Articulação Nacional das Mulheres Indígenas), em parceria com a APIB (Articulação dos Povos Indígenas do Brasil) e aliados, lançaram nesta terça-feira (16) uma campanha cidadã para apoiar candidaturas de mulheres indígenas ao Congresso Nacional e também nos estados. Ao todo, dezenas de lideranças se colocaram na disputa por votos em todo o país.
A ‘Bancada do Cocar’, como foi nomeada, conta com nomes de destaque nacional e internacional como Sonia Guajajara, que disputa como candidata a deputada federal pelo PSOL em São Paulo, depois da disputa como co-presidenta de Guilherme Boulos na chapa presidencial do partido em 2018. Como candidatas a deputada federal ainda temos a potência de Célia Xakriabá em Minas Gerais e Kerexu Yxapyry, em Santa Catarina para citar algumas.
Nos estados, como candidatas a deputadas estaduais temos Val Eloy, em MS; Simone Karipuna, em AP; Eliane Xunakalo, em MT; Juliana Jenipapo Kanindé, no Ceará e Chirley Pankará, em SP.
A coordenadora da Ninja Ambiental, Marielle Ramires, informou em sua Coluna Ninja que o cenário não está fácil, porém “temos a missão histórica de eleger uma bancada progressista à altura do desafio do nosso tempo”.
“Se você faz parte dos 81% dos eleitores brasileiros que se preocupam com a violência na Amazônia (dados Instituto Clima), e com as questões ambientais urgentes, a hora de fazer a diferença é agora. Que nossa geração garanta a representatividade das mulheres indígenas no poder”, escreveu a jornalista e ativista.
Vote LGBT+
Em 2022, o número de candidaturas LGBT+ bateu um recorde. São 214 candidaturas LGBT+ em todo Brasil, entre 20 partidos no total.
A campanha Vote LGBT+ mapeou todas estas candidaturas por estado e deixou as opções disponíveis no site, porém nem todas as candidaturas mapeadas permitiram a divulgação no site.
Leia mais:
https://midianinja.org/news/pesquisa-aponta-que-70-dos-deputados-federais-atuam-contra-o-meio-ambiente-indigenas-e-trabalhadores-do-campo/
https://midianinja.org/moarasaboia/queremos-mais-mulheres-na-politica-pra-ontem/
https://midianinja.org/ramiresmarielle/temos-a-responsabilidade-de-eleger-a-bancada-do-cocar/