Por Nicole Grell Macias Dalmiglio*

Dilma Rousseff, ex-presidenta do Brasil e atual presidente do Banco dos BRICS, protagonizou momentos decisivos na Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP 28) em Dubai ao destacar a urgência de ampliar os investimentos para enfrentar a crise climática global.

Durante a mesa redonda “Rumo a uma arquitetura de financiamento climático que atenda a todos”, Rousseff acentuou a interdependência crítica entre o sistema monetário internacional e a capacidade dos países, especialmente os menos desenvolvidos, de implementar medidas eficazes contra as mudanças climáticas.

A líder do Banco dos BRICS ressaltou que os países em desenvolvimento enfrentam desafios significativos devido à volatilidade das moedas internacionais, como o dólar e o euro, amplamente utilizadas em transações globais. Essa volatilidade resulta em instabilidade financeira, impedindo essas nações de investir de maneira consistente em ações alinhadas aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODSs).

Segundo Dilma Rousseff, os países menos desenvolvidos são os mais prejudicados pela volatilidade cambial, o que cria uma vulnerabilidade financeira que compromete os esforços para enfrentar a crise climática. A presidente argumentou a necessidade de repensar a arquitetura financeira global para assegurar uma distribuição mais equitativa dos recursos.

Foto: Mídia Ninja

“Queria enfatizar que existem restrições macroeconômicas à capacidade de financiamento. Se não melhorarmos a capacidade de financiamento e adequarmos as condições dos países do sul global, não teremos condições de expandir não só os gastos em clima e mudança do clima, mas também em direção aos objetivos de desenvolvimento sustentável, que começam com a pobreza e a fome”, declarou Dilma durante entrevista para a Mídia Ninja.

Dilma destacou que mecanismos financeiros globais, como fundos climáticos e acordos internacionais, são essenciais para garantir uma distribuição mais justa dos recursos e promover a implementação de medidas sustentáveis. Além disso, esses instrumentos desempenham um papel fundamental na mitigação dos impactos desproporcionais enfrentados por países menos desenvolvidos, que muitas vezes são os mais afetados pelas mudanças climáticas.

A participação ativa de Dilma Rousseff na COP 28 não só ressalta a urgência da ação climática global, mas também sublinha a necessidade premente de uma abordagem financeira mais equitativa e solidária. Conforme a conferência progride, a expectativa é que essas discussões conduzam a propostas concretas para enfrentar os desafios financeiros associados às mudanças climáticas e promovam uma colaboração internacional mais robusta.

*Nicole Grell Macias Dalmiglio é Pesquisadora do Center for Artificial Intelligence (C4AI-USP). Mestre em Gestão de Políticas Públicas pela USP (2023). Bacharel em Relações Internacionais pela UNISANTOS (2020).