Diligência em Alagoas demonstra desqualificação na condução da CPI que tenta criminalizar o MST
Nova diligência nesta sexta-feira (11), visitou áreas da Reforma Agrária no município de Atalaia (AL)
Nova diligência nesta sexta-feira (11), visitou áreas da Reforma Agrária no município de Atalaia (AL), descumpriu a rota aprovada em requerimento na Câmara Federal e intimidou famílias Sem Terra
Realizada durante a sexta-feira (11), a nova diligência da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que busca investigar o MST, visitou áreas da Reforma Agrária em Alagoas, no município de Atalaia. O pedido do Deputado Federal Fábio Costa (PP-AL) pautou a necessidade de visitar os assentamentos na região da antiga massa falida da Usina Ouricuri, passando pelos Assentamentos Milton Santos, Jaelson Melquíades e Chico do Sindicato, respectivamente Assentamentos Ouricuri I, II e III.
O percurso da diligência demonstrou a desqualificação dos Deputados na condução da Comissão, a começar pelo descumprimento da rota estabelecida e aprovada em requerimento na Câmara Federal, quando a comitiva seguida de policiais armados, surpreendeu o Acampamento São José, intimidando as famílias acampadas em um espaço símbolo da luta pela terra, em Atalaia e Alagoas por mais de 20 anos.
Na passagem “fora da rota” pelo Acampamento os deputados e suas assessorias deram mais uma demonstração do desconhecimento da realidade e da vida dos homens e mulheres que vivem no campo: lá questionaram a estrutura dos barracos, das condições de saneamento básico e de estruturas básicas que deveriam ser objetos de pauta para os parlamentares que, enquanto representantes do povo, pudessem propor reais soluções para essas questões que vive o campo e que não é exclusividade de Atalaia.
Ainda na passagem pelo Acampamento São José, a diligência impediu ainda o acompanhamento da imprensa e de parte da comunidade para os locais onde os deputados estavam percorrendo.
Por Alagoas, os deputados encontraram concretamente: povo organizado e em luta; solidariedade dos movimentos populares do campo e da cidade, partidos, autoridades, juristas; famílias que construíram sua dignidade com a conquista da terra e a produção de alimentos saudáveis; além de um curso pioneiro no estudo da agroecologia, com educandos de comunidades rurais de Alagoas e de fora do estado.
Entendemos que os problemas estruturais para os camponeses e camponesas são também de responsabilização do Estado, que deveria assegurar políticas públicas efetivas de resolução para questões de moradia, educação, saúde pública e o conjunto de direitos que são negados diariamente aos trabalhadores e trabalhadoras. A narrativa dos deputados bolsonaristas busca em vários momentos responsabilizar os limites estruturais à organização dos camponeses, numa tentativa de se distanciar de suas responsabilidades como parlamentares.
A diligência em Alagoas é mais uma face que apresenta os reais motivos da instalação da CPI: criminalizar o Movimento Sem Terra, sem aprofundar os debates e questões principais que atravessam a realidade do campo alagoano e brasileiro.
O MST agradece a solidariedade recebida ao longo do dia de hoje e reafirma sua posição de seguir na luta pela Reforma Agrária Popular, combatendo toda e qualquer tentativa de criminalização e posicionando a organização popular no campo e na cidade como principal caminho para alcançarmos as transformações necessárias para construção de vida digna para as famílias brasileiras.
Não naufragaremos, seremos um mar de bandeiras!
Lutar, construir Reforma Agrária Popular!
Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra
Alagoas, 11 de agosto de 2023