Por Mauro Utida

O afrofuturismo é um movimento negro estético cultural que está em alta, inspirando artistas a combater a dominação e apropriação da cultura negra pelas elites brancas. Uma das maiores referências deste movimento é a cantora norte-americana Beyoncé que exaltou a diáspora africana e reverenciou a ancestralidade negra no álbum visual “Black Is King”.

Além da rainha do pop Beyoncé, outros ícones afrofuturistas fazem sucesso mundo afora como Janelle Monáe, Erykah Badu, Billy Porter, Thundercat e Flying Lotus. O Brasil também possui personalidades de grande importância para o movimento, como o escritor Fábio Kabral, o roteirista Ale Santos, o artista No Martins, a cantora Ellen Oléria, a baiana Xênia França e o músico carioca de jazz Jonathan Ferr.

Cena independente

Nascida na periferia de Campinas, interior de São Paulo, a cantora Diameyka Odara (@diameykaodara) busca destaque na cena independente e preparando para gravar o seu primeiro álbum na carreira. Ela se vale, em seu trabalho, da própria experiência pessoal como vítima de discriminações: “travesti, preta e gorda”, pesquisa os cantos ancestrais africanos para “acessar o passado”, assimilá-los no presente e sonhar com um futuro mais igualitário.

Odara começou sua carreira cantando e regendo um coral da cidade com influências black norte-americanas. Depois, já no Candomblé, começou um processo de autoconhecimento e aceitação (assumindo-se como travesti) que atingiu o ponto máximo quando ela conheceu o Ballroom – cultura afro iniciada na Nova York da década de 1960 por mulheres trans, e que foi o berço da dança conhecida como Voguing.

Hoje, aos 22 anos, ela mixa todos estes elementos para construir a personagem Diameyka Odara, que além de cantora e intérprete de músicas afrobrasileiras, também busca seu espaço na moda, com trabalhos já realizados no universo fashion, inclusive sendo fotografada para a Vogue Brasil.

 

 

Ver esta publicação no Instagram

 

Uma publicação partilhada por Diameyka (@diameykaodara)

O universo de Diameyka Odara começa a se formar com uma obra que busca o passado de sua ancestralidade para ela poder contar o futuro. No projeto Orin Odara – nome que em Iorubá significa a “beleza do canto” – a artista estreou na Sala Guiomar Novaes, na Funarte (SP), no dia 3 de julho, acompanhada por uma banda de jazz e pela multiartista Puma Camilê. A produção do show foi de Henrique Simas.

Como a maioria dos artistas independentes, ela procura seu lugar ao sol levando suas origens e sua vivência preta e trans aos palcos e passarelas. Diameyka Odara é uma artista que está nascendo!