Dia da Visibilidade Trans: conheça as estrelas queer do premiado longa-metragem brasileiro ‘Levante’
Com estreia marcada para 22 de fevereiro, filme dirigido por Lillah Halla tem trecho inédito divulgado
Com mais de 20 prêmios em sua trajetória, “Levante” reúne um elenco de peso para amplificar a ideia do coletivo como potência de resistência. Entre os nomes de destaque, estão Loro Bardot, Lorre Motta e Onna Silva, que contracenam em cena inédita divulgada pelas distribuidoras Vitrine Filmes e Lira Filmes. No longa, elus vivem personagens de um time de vôlei queer/feminine. A equipe é um dos pilares que dão suporte à protagonista, Sofía, uma jovem de 17 anos que descobre uma gravidez indesejada e precisa interrompê-la de maneira clandestina, por conta das limitações na legislação brasileira. Dirigido por Lillah Halla (ela/dela/elu/delu), “Levante” teve seu elenco reconhecido em um dos maiores eventos cinematográficos LGBTQIAPN+ do mundo, o Mix Brasil, onde o grupo ganhou coletivamente o Prêmio Melhor Interpretação e o longa saiu com o troféu de Melhor Filme.
O filme apresenta Loro Bardot (ele/dele/elu/delu) no papel de Bel, atacante de ponta do time e parceire romântique da protagonista Sofía. O ator começou sua carreira na música aos 18 anos, com seu primeiro EP: “Café dos Pássaros”. Em 2019, foi a voz da música de abertura da série “Assédio” (Globo) e, em 2022, lançou seu segundo EP, “Sessões de Quarentena”. Durante sua trajetória artística, Loro também completou o bacharelado em artes cênicas na Escola Superior de Artes Célia Helena (ESCH), em São Paulo. Em 2015, atuou em “Ramp”, peça em inglês dirigida pela escocesa Shona Cowie, e, em 2022, foi microfonista e assistente de trilha sonora na peça “Outono Inverno”, dirigida por Denise Weinberg. “Levante” marca a estreia do ator no cinema, conquista que pensava ser uma meta distante de sua realidade. “Achei que trabalharia sempre atrás das câmeras fazendo trilha sonora, ou então fazendo teatro, mas alguém viu algo que eu não fazia ideia”, afirma, “É nítido que cada pequena decisão que você toma na vida pode ser decisiva pra algo que você nunca imaginava”.
No longa, a capitã do time de vôlei é Nicolle, interpretada por Onna Silva (ela/dela). Travesti, atriz, modelo, influenciadora digital, CEO e diretora criativa do podcast “Café com aroma de travesti”, a multiartista também integrou o elenco de “Medida Provisória” (2021), deu vida a Nara Leão no musical “Chega de Saudade” (2021) e fez parte da 3ª temporada de “As Five” (2023), série do Globoplay. Em breve, Onna volta às telonas com “Levante”. A atriz acredita na importância de continuar incentivando as discussões em torno do aborto que o filme procura desenvolver: “Enquanto nos países colonizadores esse debate foi resolvido há anos, em relação às leis de legalização do aborto, no Brasil, ainda é extremamente necessário reivindicar esse direito de saúde pública para meninas de periferia, pessoas não-bináries e a mulheridade no modo geral”, ressalta Onna, “O filme compartilha essa tratativa num país conservador como o nosso. Mulheres estão morrendo, enquanto homens brincam de decidir o que podem ou não fazer num corpo que eles não vivem.”
A equipe de atletas ainda conta com Ciano, interpretado por Lorre Motta (ele/dele). Ator, diretor, cantor, produtor e performer, Lorre assina a codireção do videoclipe 3D “Medusa”, de Zélia Duncan, e também integrou o elenco do curta “Uma Paciência Selvagem Me Trouxe Até Aqui”, dirigido por Éri Sarmet, que venceu o Prêmio Especial do Júri para Elenco no Festival de Sundance. Para o ator, a arte tem o poder de elevar vozes que são socialmente silenciadas:
“Acredito que nós, artistas, somos ferramentas de transformação na sociedade. Quantos atores transmasculinos pretos oriundos da Baixada Fluminense são vistos realizando grandes projetos como esse filme?”, questiona o ator.
“Levante não só foi uma grande porta que se abriu profissionalmente para mim, mas também resgatou a importância de figuras como eu nos espaços, e traz, em forma de denúncia, diálogos urgentes relacionados a democratização do acesso à saúde para pessoas com útero e outros corpos dissidentes, elevando a autoestima de jovens que nesse momento podem estar se sentindo sozinhos, mas gritamos: não estão”.
Com estreia marcada para 22 de fevereiro, “Levante” já atingiu a marca de 20 prêmios, se estabelecendo como um dos filmes brasileiros contemporâneos mais premiados e exibidos em festivais. Entre as premiações, se destacam os títulos de Melhor Filme pela crítica Fipresci em Cannes, Melhor Filme Ibero-americano em Palm Springs, Melhor Filme em Biarritz, em Montreal (Fierté), no Mix Brasil e no FestCine Aruanda, além de Melhor Direção e Edição no Festival do Rio.
O filme teve produção da Arissas (Brasil), Manjericão Filmes (Brasil), In Vivo Films (França) e Cimarrón Cine (Uruguai), em coprodução com a Vitrine Filmes, Canal Brasil, Telecine e RioFilme. A distribuição é assinada pela Lira Filmes e Vitrine Filmes.