Desmatamento da Amazônia tem queda de 61% em janeiro de 2023
É a quarta menor marca para o mês da série histórica do Deter, do Inpe
Diferente do ano passado, em que o acumulado de alertas de desmatamento na Amazônia chegou a 430 km², mesmo em meio à estação chuvosa, em janeiro de 2023 foi de 167 km². É a quarta menor marca para o mês da série histórica do Sistema de Detecção de Desmatamento em Tempo Real (Deter), do Inpe. Assim, a queda registrada é de 61% em relação ao ano anterior.
O índice de devastação do ano passado, segundo especialistas, estava ligado à urgência de criminosos receosos com o resultado da eleição presidencial, pois um novo governo poderia representar uma mudança no combate ao desmatamento.
Segundo o WWF, que analisou o primeiro dado mensal após a posse do presidente Lula, é também a primeira vez nos últimos cinco meses que a área mensal registrada é menor do que a do ano anterior. A organização indica que a redução dos índices pode estar ligada à retomada da pauta de proteção ambiental pelo governo federal e do Fundo Amazônia, paralisado desde 2019 pelo governo Bolsonaro.
Mas o especialista em conservação e líder da Estratégia de Conversão Zero do WWF, Frederico machado ressalta que “embora haja indicação de possível queda do desmatamento no mês de janeiro, é preciso reestruturar com máxima urgência os Planos de Ação para Prevenção e Controle do Desmatamento e das Queimadas”.
Segundo o DETER, os estados que mais tiveram registros de desmatamento no bioma foram o Mato Grosso (69 km²), Pará (32 km²) e Roraima (31 km²), somando 79% do total de destruição em janeiro de 2023 na Amazônia Legal. Os três municípios que mais desmataram são do estado do Mato Grosso (Porto dos Gaúchos, Querência e Tabaporã), com uma área de 33 km².
Cerrado sob alerta
No Cerrado, foram destruídos 442 km² em janeiro de 2023, mantendo um patamar alto de destruição no bioma, mais de duas vezes superior ao desmatamento na Amazônia.
Os dois estados que mais desmataram no primeiro mês de 2023 são do Matopiba (área que engloba Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia) – região que é considerada a principal fronteira de expansão agrícola no Brasil e uma das grandes frentes de destruição de ecossistemas do mundo. Em janeiro, a Bahia (156 km²) e o Piauí (124 km²) contribuíram para 63% da área desmatada no bioma.
Entre os municípios, 40% do desmatamento de janeiro se concentraram em quatro municípios do Matopiba, sendo Sebastião Leal/PI (79 km²), São Desidério/BA (49 km²), Jaborandi/BA (25 km²) e Formosa do Rio Preto/BA (21 km²).
“Os ecossistemas brasileiros foram vítimas de uma política anti-ambiental criminosa, que visou prioritariamente a ‘passada da boiada’ em detrimento da proteção do precioso patrimônio natural pertencente a todos os brasileiros. O Cerrado já perdeu quase 50% da sua cobertura original, e as taxas de desmatamento anual, proporcionalmente, são ainda maiores que os graves números que temos observado para a Amazônia. Isso significa que, por ora, ainda não temos o que comemorar, mas sim muito trabalho a ser feito pela frente”, analisa Frederico Machado.
(Com WWF)