Por Kaio Duarte Costa

Após três paralisações nas comunicações nas últimas duas semanas, uma nova fase da guerra foi iniciada. Israel diz que está preparado para interromper o serviço de internet em Gaza.

Um novo armamento bélico surge no conflito entre Israel e Hamas, após as quedas recentes nos serviços telecomunicativos do território palestino. Além da destruição de infraestruturas com ataques e bombardeios, no fim de outubro ocorreu o desligamento total da internet durante 34 horas pelo estado de Israel. Com a conectividade cada vez menor, grande parte dos 2,2 milhões de habitantes de Gaza não vão ter contato com o mundo exterior.

Mesmo com o retorno da Internet, a comunicação e conectividade é precária. Segundo relatos de cidadãos em Gaza, a maioria dos serviços de internet está fora do ar e embora as operadoras ainda consigam disponibilizar serviços 2G, estas conexões estão muito congestionadas. Bloqueios de Internet por entidades governamentais tem sido uma realidade distópica em diversos países. Segundo dados da Internet Society, só na primeira metade deste ano foram registados mais de 30 casos de “apagões” de Internet causados por governos em 15 países, com um total de quase 1.000 dias de quedas.

“Israel controla a telecomunicações e a internet que chega a Gaza”, diz Husam Mekdad, engenheiro de telecomunicações que vive em Gaza, para a revista WIRED. Após o retorno da internet pela primeira vez no final de outubro, a Casa Branca escreveu em uma declaração de que “a restauração das comunicações em Gaza foi crítica. Trabalhadores humanitários, civis e jornalistas precisam ser capazes de se comunicar entre si e com o resto do mundo. Nossa administração se importava com isso, trabalhava nisso e fica feliz em vê-la restaurada.”

A Paltel, maior operadora de internet palestina, anunciou que houve um corte total das linhas de telefonia e internet em Gaza. Dados recentes do Gabinete de Coordenação de Assuntos Humanitários das Nações Unidas (ENUCAH) estimam que 65% dos lares e negócios na Faixa de Gaza tenham perdido acesso à Internet e que metade das redes tenham sido destruídas. “A situação é muito ruim. Estamos ficando sem eletricidade, água limpa, alimentos e suprimentos médicos”, diz Mekdad. Seus parentes fugiram do norte procurando refúgio no sul de Gaza. “Esperávamos morrer a cada segundo”, diz ele. “Só esperamos permanecer vivos”.