Por Anna Flávia Moreira

A Copa Verde de Futebol é um torneio regional disputado entre equipes do Norte e Centro-Oeste, juntamente com o Espírito Santo. Organizada pela CBF, a competição possui nome alusivo à Floresta Amazônica e tem como intuito trazer à tona a identidade nacional ampla através do futebol.

Na última quarta-feira (29), o grande campeão do torneio deste ano foi o Paysandu com direito a goleada nas duas finais. Assim, o clube se concretiza como o maior campeão da Amazônia ao conquistar seu 4º título e garantir uma vaga direta para a terceira fase da Copa do Brasil 2025.

Entretanto, um olhar crítico acerca desse campeonato faz com que percebamos que seu papel ultrapassa os campos de futebol.

Equipes do Norte, Nordeste e Centro-Oeste lutam incansavelmente em busca de um espaço no esporte mais amado do país. Mas a questão é: Por que o esporte mais prestigiado em solo nacional só possui valor na parte “debaixo” do território?

Não é exagero dizer que no futebol brasileiro há um grande abismo que separa os clubes com base na localização geográfica. O eixo Sul-Sudeste apresenta a maior potência financeira desse desporte no Brasil, desde os maiores valores orçamentários até as aparições midiáticas. Esse fato faz com que, muitas vezes, a outra parte do país não se reconheça em campo e busque espaço em equipes de outras regiões.

Uma pesquisa realizada pelo jornal Estadão aponta que, na região Norte, o time de maior torcida é o Flamengo, com uma preferência de 18,7% entre os entrevistados. Em seguida temos o Corinthians (16,6%), Vasco (10,1%), São Paulo (9,1%) e Palmeiras (5,4%).  A semelhança entre esses dados é notória através da conjuntura atual, na qual a população nortista tem como preferência times do Rio de Janeiro e São Paulo. 

Essa circunstância não é fruto do acaso, e sim um resultado da supervalorização de equipes específicas em detrimentos de outras por parte das grandes mídias.

Contrapondo tudo isso, a competição que traz em seu nome uma referência à maior floresta tropical do mundo, conta com times que possuem mascotes oficiais alusivos à cultura local. Como exemplo, temos o Amazonas Futebol Clube, fundado em 2019, que tem como mascote a onça-pintada, um símbolo de força, velocidade e representatividade estadual.

Apesar dos esforços, ainda há grande dificuldade de acesso à massa popular por parte das equipes dessas regiões. São necessários investimentos não só financeiros, mas jornalísticos e midiáticos em prol da ascensão dessas equipes para que, enfim, tenhamos um esporte que cumpra seu papel além do campo, sendo capaz de contemplar o desejo de uma população de torcer por quem a represente.