O novo relatório da Oxfam A “Sobrevivência” do mais rico – por que é preciso tributar os super-ricos agora para combater as desigualdades”, divulgado no Fórum Econômico Mundial, realizado em Davos, na Suíça, aponta que desde 2020, o 1% mais rico do planeta acumulou seis vezes mais dinheiro do que 90% da população global. O relatório converte em números o que está à vista de todos: a pobreza crescente de pessoas em situação de rua contrastando com prédios cada vez mais caros e carros de luxo.

Como aponta o Observatório do Terceiro Setor, para a presidente da Oxfam Brasil, Kátia Maia, a participação da sociedade civil no evento é fundamental para demonstrar que somente a visão dos Estados e setores econômicos não são o suficiente para combater os desafios enfrentados pela população. “Temos que contribuir com esse debate e seguir pressionando para que esses setores adotem medidas para realmente enfrentar a urgência, eliminar essa concentração de riqueza e ter um mundo mais distributivo”, diz Kátia.

Na prática, o relatório destaca que 1% mais rico do mundo ficou com quase 2/3 de toda riqueza gerada desde 2020 – cerca de US$ 42 trilhões -, seis vezes mais dinheiro que 90% da população global (7 bilhões de pessoas) conseguiu no mesmo período. E na última década, esse mesmo 1% ficou com cerca de metade de toda riqueza criada.

Segundo a organização, um imposto anual sobre a riqueza de até 5% sobre os super-ricos poderia arrecadar US$ 1,7 trilhão por ano, o suficiente para tirar 2 bilhões de pessoas da pobreza, financiar os apelos humanitários pelo mundo, entregar um plano de 10 anos para acabar com a fome no planeta, apoiar os países mais pobres que estão sendo devastados pelos impactos climáticos e, ainda, garantir saúde pública global e proteção social para todos que vivem em países com baixa e média rendas.

Conheça aqui alguns dos principais destaques do relatório:

 

Bilionários ganharam na pandemia US$ 1,7 mi para cada US$ 1 dos 90% mais pobres.

 

Na última década, os super-ricos concentraram cerca de metade de toda riqueza gerada no mundo.
     Um imposto de até 5% sobre os super-ricos poderia arrecadar US$ 1,7 trilhão por ano, o suficiente para tirar 2 bilhões de pessoas da pobreza.
 Os 3.390 indivíduos mais ricos do Brasil (0,0016%) detêm 16% de toda a riqueza do país, mais do que 182 milhões de brasileiros (85% da população).

Taxar os mais ricos do Brasil

A principal solução dessa crise mundial no Brasil passa por uma Reforma Tributária que aumente a taxação de impostos para os mais ricos. Durante a campanha eleitoral de 2022, que saiu vitoriosa nas urnas, o presidente Lula afirmou que os mais pobres não podem continuar pagando as mais altas taxas de imposto, enquanto, no Brasil, os super-ricos não pagam.

Durante o Fórum Econômico de Davos, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou que o Brasil vai liderar, ainda no primeiro semestre, o debate para aprovação de medidas que contribuam na redução de desigualdades, e a taxação de grande fortunas é uma das estratégias adotadas, a começar pela correção da tabela de Imposto de Renda (IR).

“A reforma tributária que nós queremos votar no primeiro semestre é no imposto sobre o consumo. Mas, no segundo semestre, queremos votar uma reforma tributária sobre a renda para desonerar as camadas mais pobres do imposto e para onerar quem não paga imposto. Vamos reequilibrar o sistema tributário brasileiro para melhorar a distribuição de renda no Brasil”, afirmou o ministro.

A correção da tabela do Imposto de Renda (IR) é um dos pontos centrais na agenda econômica do novo governo e foi promessa de campanha de Lula. A ideia é ampliar a faixa de isenção do IR para quem ganha até R$ 5 mil. Atualmente, o limite é de R$ 1.903,98. O valor não é atualizado desde 2015.

“Para um Brasil mais justo é necessário fazer uma reforma tributária para que os mais ricos paguem mais impostos e os mais pobres paguem menos”, ratificou o senador Humberto Costa (PT-PE).

O Brasil é um dos únicos países no mundo que não tributa lucros e dividendos, fazendo com que as pessoas mais ricas paguem proporcionalmente menos impostos que grande parte da população. São 284 bilionários no país, segundo a revista Forbes. Por outro lado, um relatório do IBGE aponta que existem 62,5 milhões de brasileiros vivendo em situação de extrema pobreza.

Sobre a Oxfam

A Oxfam é uma organização da sociedade civil que atua em prol do combate às desigualdades, com foco em quatro áreas: Justiça Rural e Desenvolvimento, Justiça Social e Econômica, Justiça Racial e de Gênero, e Justiça Climática e Amazônia.