Por Henrique André*

O design é uma ferramenta poderosa para promover a inclusão e a diversidade e o afrofuturismo é uma corrente cultural que se baseia em uma visão futurística e afrocentrada da tecnologia, arte e cultura, honrando as vivências do passado e dos ancestrais.

No entanto, o racismo pode influenciar a forma como o design é criado e percebido e o afrofuturismo traz na sua essência a potência necessária para promover a resistência e a afirmação cultural em contraponto a esse racismo.

No Brasil, a relação entre design, afrofuturismo e o antirracismo pode ter papel de transformação cultural para as comunidades negras e afro-ameríndias, promovendo a representatividade afirmativa, inclusão e a diversidade no campo do design e da tecnologia.

O racismo se manifesta no design de várias maneiras, desde a exclusão de pessoas e culturas de certos produtos e serviços até a perpetuação de estereótipos. Por exemplo, é comum que a indústria da moda privilegie um padrão eurocêntrico de beleza, inviabilizando pessoas negras e outras minorias étnicas em suas campanhas publicitárias e passarelas. Além disso, o racismo pode se manifestar na forma como os objetos são desenhados e produzidos, evidenciando exclusão ou trabalho análogo ao escravo no processo na nossa sociedade. Elza já disse: “A carne mais barata do mercado é a carne negra”.

O afrofuturismo, por sua vez, pode ser visto como uma resposta a esse racismo, reimaginando um futuro em que as culturas negras fruto da diáspora são valorizadas e celebradas. O movimento se baseia em uma visão afrocentrada da tecnologia, utilizando como ferramenta de comunicação e propagação a arte e a cultura, imaginando um futuro em que essas tradições são mantidas e enriquecidas. Isso pode incluir a criação de novas tecnologias que levem em conta as necessidades e perspectivas de comunidades afrodescendentes, assim como a reinterpretação da história e das mitologias africanas em um contexto futurista.

O afrofuturismo tem se mostrado importante para a criação de soluções de design mais inclusivas, que consideram as perspectivas e as necessidades das comunidades pretas.

Assim, o design deve ser utilizado para promover a inclusão e a diversidade, mas isso só é possível quando os designers estão cientes dos preconceitos e desigualdades que podem impactar sua prática. O antirracismo é uma luta que deve ser incorporada no processo de design para garantir resistência e equidade.

A relação entre design, afrofuturismo e o antirracismo no Brasil pode ser vista como uma forma de promover a justiça social, criando soluções de design, em todas as suas ramificações, mais justas e inclusivas para as comunidades afro-brasileiras.

O racismo é um problema branco que afeta diretamente os corpos pretos, assim o design como um solucionador tem um lugar no contexto social de suma importância para uma revolução e mudança da estrutura do racismo.

Henrique André é designer gráfico, escritor e pesquisador afrofuturista que busca inspiração no cotidiano e na ancestralidade. Integra o Coletivo “O Futuro é Preto”, grupo voltado para ações de tecnologia, inovação, educação e cultura através de um olhar afrodiaspórico.

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