Por Anna Flávia Moreira

As vozes do senso comum ressoam constantemente ao redor do mundo sobre questionamentos impactantes da hodiernidade: qual seria o lugar das pessoas trans nos esportes? Uma categoria específica deveria ser criada? Mulheres trans não podem participar de competições femininas? Atletas transgêneros possuem vantagens sobre atletas cis?

São muitas interrogações em torno da questão, e em muitos casos, acompanhadas de premissas transfóbicas. Em contrapartida, há uma pergunta digna de ser indagada: a criação de uma categoria específica para pessoas trans não traria à tona uma política segregacionista?

Crédito: Bruna Caetano/Brasil de Fato

Estudos realizados pelo pesquisador Leonardo Peçanha, da Fundação Oswaldo Cruz, ratificam que atletas trans não possuem nenhum tipo de vantagem sobre atletas cisgêneros. Uma vez que os tratamentos hormonais atingem diversas partes do corpo, transformações biológicas são a consequência. Depois da transição, seus corpos passam a produzir massas musculares menores e reduzir a capacidade física, fazendo com que a vantagem dita pelo senso comum seja inexistente na realidade esportiva.

Outro fato a ser explicitado é que as taxas hormonais de mulheres trans são proporcionais as de mulheres cis devido ao uso de bloqueadores de testosterona. Dessa forma, o pressuposto popular de que a força de corpos femininos que tenham passado pela transição é maior, é desmistificado.

O debate sobre a imersão de pessoas trans nos esportes reflete uma árdua realidade: a prática esportiva, sobretudo a profissional, não é democrática. 

A inclusão de atletas trans nos esportes é um debate que urge conhecimento científico. Não deve ser conduzido por desinformação, transfobia e misoginia, mas sim por uma análise aplicada e fomentada através de dados científicos. É primordial compreender que a participação de pessoas trans nos esportes não compromete a equidade nas competições. Ao contrário disso, promove uma atividade equiparada à evolução social.