Depois de 75 anos, polícia libera bens que contam origem do candomblé no Rio
Um conjunto de artefatos como anéis, cachimbos, indumentárias, esculturas e tambores que foram apreendidos pela Polícia Civil do Rio de Janeiro há 75 anos tiveram sua transferência anunciada para o Museu da República agora em agosto.
Um conjunto de artefatos como anéis, cachimbos, indumentárias, esculturas e tambores que foram apreendidos pela Polícia Civil do Rio de Janeiro há 75 anos tiveram sua transferência anunciada para o Museu da República agora em agosto.
As 523 peças fazem parte da chamada (de modo pejorativo) Coleção da Magia Negra e foram recolhidos entre 1889 e 1945. Trazem diversas informações que devem ampliar a compreensão dos cultos praticados pelas religiões de matriz africana, que sempre foram alvo de perseguição. Na avaliação do Iphan, a maior parte delas tem estado de conservação regular ou ruim.
Os bens não foram devolvidos aos seus donos porque muitos do terreiros nem existem mais, por conta da perseguição que sofriam. Aprovada na Câmara dos Deputados, uma emenda de R$ 200 mil foi destinada para o processo de higienização e outros cuidados para preservação das peças.
Um acordo entre a Polícia Civil e o Museu da República prevê que equipes técnicas e lideranças religiosas façam a gestão do acervo.
A campanha que proporcionou a transferência das peças se chama Liberte Nosso Sagrado e pretende que a coleção mude de nome, por conta do teor racista que carrega, e desde os anos 70, lideranças do candomblé, da umbanda, junto a membros da OAB e da Defensoria Pública lutavam pela liberação das peças, que só começou a tomar corpo em um processo em 2017.
A coleção é tombada desde 1938 pelo Iphan mas era descuidada e estava armazenada no Museu da Polícia, onde parte se perdeu em um incêndio em 1990.
Com informações do Geledés