Demarcação de terra é estratégica na luta contra a crise climática
Representantes mundiais de povos tradicionais e indígenas ajudaram a pensar soluções em painel da COP27
Nicole Grell Macias Dalmiglio, da cobertura colaborativa NINJA na COP27
Em mais uma COP as organizações indígenas alertam sobre a urgência de ações para o enfrentamento da crise climática. Em meio a uma agenda complexa que inclui discussões sobre financiamento climático – tema evitado pelas grandes potências mundiais – lideranças indígenas atuam em meio à arena internacional fortalecendo o debate sobre a necessidade de demarcar terras indígenas, não somente para a salvaguarda dos direitos originários, mas também como eixo central das estratégias para mitigar o impacto das mudanças climáticas.
No dia 9, na Blue Zone (Zona Azul) – área da COP gerida pela ONU que acolhe as negociações – eventos como o painel “Construindo o poder indígena e comunitário para deter as mudanças climáticas: usando a lei para proteger nossa terra”, são protagonizados por lideranças originárias.
A liderança indígena do Brasil, Dinamam Tuxá, do povo Tuxá, participou dos debates ao lado de Yessie Mosby do povo Kulkalgal de Masing, da ilha do Estreito de Torres da Austrália; Saye Thompson, representante dos povos de Blei e Sehyi Kodoo, da Líberia e Joan Carling do povo Kankanaey, da Filipinas. Eles defenderam que os povos originários e tradicionais dos mais diferentes lugares do mundo são essenciais no combate à crise climática global.
Dinamam, assim como outras lideranças, tem exercido a “diplomacia indígena” – termo utilizado para denominar a prática política e social de representantes indígenas para mediar, negociar e demandar suas propostas políticas em cenários e organismos internacionais e regionais. Ele integra a delegação da Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (APIB) que está na COP27.