Por Talita Affonso Gaspar

Recentemente, o Comitê Olímpico Brasileiro (COB) anunciou que as mulheres do Time Brasil serão maioria em Paris.

Ter a maior delegação feminina brasileira na história dos Jogos Olímpicos é um passo significativo, mas é crucial que isso se traduza também em oportunidades para mulheres em papéis de liderança. No entanto, a participação das mulheres nas comissões técnicas e como dirigentes ainda é muito tímida, até mesmo nas seleções femininas como a de vôlei e a de futebol.

A falta de treinadoras e dirigentes mulheres pode ser atribuída a diversos fatores, incluindo estereótipos de gênero, falta de oportunidades e apoio institucional, além da necessidade de um ambiente que valorize e promova a equidade. E isso nada tem a ver com uma guerra dos sexos ou competência, mas sim com o direito das mulheres de ocuparem o espaço que elas quiserem.

Para mudar esse cenário, é fundamental que haja políticas de incentivo à formação e à capacitação de mulheres em cargos técnicos e administrativos, bem como a promoção de uma cultura de inclusão e respeito à diversidade dentro das organizações esportivas. A visibilidade e o apoio a figuras femininas no esporte, tanto em competições quanto em cargos de liderança, são essenciais para inspirar a nova geração e garantir que as mulheres tenham um lugar de destaque em todas as esferas do esporte. Leia mais clicando aqui.

Enquanto homens são vistos como líderes e disciplinadores, mulheres, na maioria das vezes, são cotadas para o ensino e preparo dos atletas em escolinhas de iniciação esportiva, devido à sensibilidade e capacidade feminina de criar laços fraternos, propagando a cultura de que a mulher é mais “maternal” do que analítica quando o assunto é esporte.

Recentemente, a treinadora do Clube Curitibano de Natação Thaís De Oliveira Moretto conseguiu um feito inédito no Campeonato Brasileiro Infantil de Inverno: foi a primeira mulher a ser eleita Coach of the Meet pela Best Swimming, revista especializada que elege o melhor treinador do campeonato. O esporte, que está entre os mais populares no Brasil, tem como destaque uma mulher na liderança de equipe.

A atleta Gabriela Ferreira e a treinadora Thaís Moretto (Foto: divulgação Clube Curitibano de Natação)

Porém, neste ano em Paris, a seleção de Natação e Saltos não contará com nenhuma mulher em sua comissão técnica.

Existe um esforço do Time Brasil, seguindo as diretrizes do Comitê Olímpico Internacional (COI), para que as mulheres ocupem posições de liderança, potencializando o reconhecimento das mulheres no esporte em todos os níveis: atletas, treinadoras e gestoras. Mas o movimento é lento em um espaço que, durante séculos, foi predominantemente masculino.

Nos campeonatos de base, já é possível ver mulheres como treinadoras, e precisamos cada vez mais delas em todos os lugares.