Por Jhessyka L. P. Fernandes, para Cobertura Colaborativa #NECParis2024

Acabamos de dar adeus à melhor campanha brasileira em uma paralimpíada! Nos Jogos Paralímpicos de Paris 2024, a delegação brasileira deu um show e finalizou no quinto lugar do quadro de medalhas, colocação mais alta já atingida, com o número total de 89, superando as campanhas anteriores de Tóquio 2020 e Rio 2016, com 72 medalhas. 

São 25 ouros, outro recorde atingido, 26 pratas e 38 bronzes. Premiação alcançada, talvez, graças ao investimento no paratletismo: segundo o programa Bolsa Atleta, do Governo Federal, dos 280 atletas que participaram das Paralimpíadas de Paris, 274 recebem o benefício. Isso equivale a um total de 97,8%. A alegria de saber que parte do dinheiro de nossos impostos está sendo bem redirecionado nos faz lembrar a importância de um Ministério do Esporte existente, ativo e eficiente. 

Ficando atrás da China, Grã-Bretanha, Estados Unidos e Holanda, conseguimos também alcançar a marca de 350 pódios acumulados em todas as edições, se contarmos apenas as modalidades judô (200) e natação (150). No atletismo, alcançamos também a marca histórica de 200 medalhas. Em Paris, também alcançamos a marca de 400 pódios em todas as edições, finalizando a campanha com 462 e nos deixando ainda mais pertinho da medalha 500.

Tivemos o recorde de medalhas em um dia, com 16 apenas no sábado (7). Com a delegação de 280 atletas, sendo 255 com deficiência, ultrapassamos a marca de 259 convocados para uma paralimpíada no exterior, em Tóquio 2020. Ainda não ultrapassamos o recorde geral, atingido no Rio 2016, que contava com 278 atletas com deficiência, mas tudo agora parece ser apenas questão de tempo. 

Carol Santiago. | Foto:Alexandre Schneider/CPB

A participação feminina também bateu recorde brasileiro histórico, com 117 paratletas convocadas, totalizando 45,88%. No quadro geral de medalhas, as mulheres conquistaram 43 medalhas – 13 de ouro, 12 de prata e 18 de bronze – e ficaram em quarto lugar do quadro geral de medalhas de mulheres. Carol Santiago, nadadora pernambucana, se tornou a mulher com mais ouros na história paralímpica brasileira. A paratleta, que agora possui cinco ouros, ultrapassou Ádria Santos, que detinha o recorde anterior de 4. Só nessa campanha, Carol conquistou 3 ouros e 2 pratas, o que a deixou com total de 10 pódios paralímpicos em sua carreira. 

Em Paris, o Brasil também conquistou pódios inéditos. O paranaense Vitor Tavares nos trouxe o bronze no badmínton classe simples SH6. O paulista Alexandre Galgani conquistou a prata no tiro esportivo da classe R5 carabina de ar 10m. Já o paranaense Ronan Cordeiro levou prata no triatlo classe PTS5.

Tayana Medeiros. | Foto: Ana Patrícia de Almeida/CPB

É muita coisa, mas ainda não acabou. O Brasil também bateu 8 recordes paralímpicos. Destes, 3 foram pro atletismo: Claudiney Batista dos Santos, no lançamento de disco classe F56, com 46,86m; Beth Gomes, no lançamento de disco F53, com 17,37m; Jerusa Geber dos Santos, nos 200m T11, com 24s51. Na natação, duas mulheres bateram os recordes: Lídia Vieira da Cruz, nos 50m livre S4, em 38s61, e a pernambucana Carol Santiago, nos 50m livre S12, em 26s71. 

No halterofilismo, os recordes ficaram com Mariana D’Andrea, na categoria 73kg, levantando 148kg, e Tayana Medeiros, na categoria 86kg, levantando 156kg. O único recorde batido na canoagem ficou com Fernando Rufino, fazendo os 200m VL2 em 50s47.

Por fim, os 6 recordes mundiais batidos foram pro atletismo e pra natação. Gabrielzinho fez os 15m medley SM2 em 3m14s02. No atletismo, foram cinco. Yeltsin Jacques alcançou a marca de 3m55s82 nos 1500m T11. Júlio César Agripino dos Santos conseguiu marcar 14min48s85 nos 5000T11. Jerusa Geber simplesmente amassou, completando os 100m T11 em 11s80. A maranhense Rayana Soares da Silva bateu os 400m T13 com 53s55 e, por fim, Beth Gomes, que fez 7,82m no arremesso de peso F53.

Cristo Redentor iluminado com as cores da bandeira do Brasil em homenagem à delegação das paralimpíadas. | Foto: Gabriel Solano

Mesmo com tantas conquistas, ainda não podemos deixar de lado a tristeza que não foi poder dar o suporte, o apoio e a torcida brasileira como tanto desejamos. Ainda que com transmissão gratuita parcial – e põe parcial nisso – pelo youtube, pecamos pela falta de maior cobrança para que os jogos pudessem ser transmitidos pela tv aberta. Também não podemos deixar de lado a ausência que tantas cidades sentem na estrutura para a prática de esportes paralimpícos. O Brasil precisa lembrar e honrar aqueles que nos trazem tanto orgulho, tanta alegria e tanta fé em um amanhã mais inclusivo, no esporte e na vida.