Por: Ana Carolina Silva, Anna Luiza Gonçalves e Henrique Chiapini

A Seleção Brasileira de Vôlei Feminino fará sua estreia nas Olimpíadas de Paris na próxima segunda-feira, 29 de julho, às 08h (horário de Brasília). A data marca um momento significativo na carreira de todas as jogadoras, especialmente para a ponteira Gabi. De jovem prodígio a capitã do time, a eterna “Gabizinha” está prestes a completar seu terceiro ciclo olímpico com a seleção, tendo disputado as edições de Rio 2016, Tóquio 2020 e, agora, Paris 2024. 

RIO 2016 

Foto:  FIVB

A primeira convocação olímpica de Gabi veio em 2016, quando tinha apenas 22 anos. Na época, jogava no Rexona/Ades, atual Sesc/ Flamengo, há quatro anos, e estava sendo lapidada pelo técnico Bernardinho. Nesse período, a ponteira já havia se destacado em diversos campeonatos, conquistando premiações, como a de Melhor Atacante do Sul-Americano de Clubes de 2013 e Melhor Atacante e Maior Pontuadora da Superliga 2014/2015.

Com passagens pela seleção adulta desde os 17 anos, Gabi chegou às Olimpíadas do Rio jogando ao lado de campeãs e bicampeãs olímpicas, como Fernanda Garay, Natalia Pereira, Fabiana Claudino, Thaísa Daher, entre outras joias do grupo. Majoritariamente atuando como oposta, Gabi entrou nas inversões do 5 e 1, e mesmo sendo a atleta mais jovem do grupo, não se intimidou e mostrou seu talento e determinação em quadra sempre que acionada pelo técnico José Roberto Guimarães. 

Infelizmente, a medalha olímpica não veio dessa vez. O time brasileiro perdeu para a China nas quartas de final, terminando na quinta colocação do campeonato. No entanto, para Gabi, a trajetória olímpica estava apenas começando.

O destaque individual 

Obteve prêmios individuais entre uma Olimpíada e outra por mérito próprio, por se dedicar e trabalhar muito por isso. Sendo eles: MVP (Melhor Jogadora) do Campeonato Sul-Americano de Clubes de 2017 e 2021, 1ª melhor Ponteira do Campeonato Mundial de Clubes de 2018, 2ª Melhor Ponteira da Liga das Nações de Voleibol Feminino de 2019, 2ª Melhor Ponteira do Superliga Brasileira A de 2018-19, 1ª Melhor Ponteira do Sul-Americano de Clubes de 2019, 1ª Melhor Ponteira da Liga das Nações de Voleibol Feminino de 2021, entre outros.

E depois de se destacar pela seleção, Gabi atraiu os olhares do gigante Vakifbank Istanbul da Turquia com o qual assinou contrato para a temporada 2019-20 e onde atuou até esse ano, 2024. 

TÓQUIO 2020

Foto: FIVB

Sendo destaque em mais uma edição dos Jogos Olímpicos, no Japão, realizado em 2021 devido à pandemia de COVID-19. Gabi foi fundamental para ajudar a equipe e garantir a medalha de prata. O time de Zé Roberto bateu na trave ao perder na final para os Estados Unidos por 3 sets a 0, com parciais de 25/21, 25/20 e 25/14. Embora o ouro não tivesse vindo, chegar à decisão foi uma surpresa na competição, já que elas não eram cotadas para alcançar este feito.

A seleção brasileira cumpriu seu papel com uma campanha perfeita até a final. As vitórias contra a Coreia (3 a 0) gabi teve destaque tanto no ataque quanto na defesa, República Dominicana (3 a 2) que foi um jogo difícil e prolongado, Japão (3 a 1) foi também uma das principais pontuadoras da partida, Sérvia (3 a 1) e Quênia (3 a 0) deram confiança para a equipe buscar a medalha dourada sobre as americanas, mesmo não sendo favoritas na partida, mostrando garra e habilidade a capitã deu o seu melhor durante todo o torneio!

VNL 2024: PREPARAÇÃO RUMO AOS JOGOS OLÍMPICOS DE PARIS

Foto:  FIVB

Mais conhecida como “A filha do Deus do vôlei”, apelido que surgiu por meios dos elogios do técnico da Polônia, Stefano Lavarini, e desde então é usado com muito carinho pela torcida. O italiano foi treinador do Minas entre 2017 e 2019, clube de Belo Horizonte, e pôde treinar Gabi por uma temporada. Depois se reencontraram na Turquia, sendo treinador no Fenerbahçe, e a jogadora brasileira defendia o Vakifbank.. 

A potente capitã da seleção brasileira teve uma boa atuação na Liga das Nações de Vôlei (VNL) 2024, liderando o Brasil a uma série de vitórias impressionantes, sendo a ponteira mais eficiente e completa da fase classificatória da competição. Ao todo, ela teve 37,6% de eficiência, recebendo 343 bolas. 

A equipe manteve 100% de aproveitamento no torneio após as quatro vitórias da primeira semana, em solo brasileiro, no Rio de Janeiro. Os jogos foram emocionantes, sempre em clima de final de uma competição com a torcida vibrando sem parar a cada ponto, de set a set.

Um dos momentos mais notáveis foi a vitória do Brasil sobre a Polônia, já na terceira semana da fase preliminar, quando Gabi marcou 24 pontos (23 ataques e um bloqueio), ajudando a manter o Brasil invicto no torneio​. Outra partida marcante foi contra o Japão, em Macau, na China, onde a seleção brasileira venceu de virada por 3 sets a 2, com Gabi desempenhando um papel crucial nos momentos decisivos do jogo​, sendo a maior pontuadora do time, com 25 acertos.

O talento percorrendo por vários esportes

A defesa de milhões que fez com os pés durante o jogo contra a Polônia na VNL gerou euforia nos fãs. “QUE FOTÃO ÃO” repercutiu nas redes sociais, impressionando a todos, com comentários que seria uma das melhores jogadoras do mundo!

“Pratiquei de tudo um pouco: futebol, tênis, basquete… Eu jogava todos os esportes que a escola oferecia na Educação Física. Isso, sem dúvida alguma, me ajudou muito quando comecei a jogar vôlei.” Disse Gabi em entrevista para Quem.

“Era engraçado que quando comecei a jogar vôlei, a professora brigava muito comigo para eu não chutar a bola. Jogava futebol e completava a equipe de vôlei da escola. Tinha esse costume de pegar a bola do vôlei com o pé (risos). E acontece bastante agora de eu conseguir recuperar algumas bolas com o pé. Tenho recursos que trouxe de outros esportes e que me ajudam bastante. Além dessa defesa com o pé, faço um movimento de ataque em que rodo o braço, que vem do saque do tênis”, explica a jogadora em trecho da entrevista para Quem.

Gabi também foi fundamental na vitória sobre os Estados Unidos, com torcida brasileira no Maracanãzinho, anotando 24 pontos e ajudando o Brasil a quebrar um jejum de cinco anos sem vencer a equipe americana.

Entre outros jogos marcantes, a camisa 10 do Brasil marca presença com sua liderança impecável e consistência em quadra, o que foi essencial para que o Brasil terminasse a fase classificatória com um recorde perfeito de 12 vitórias em 12 jogos​.

EM BUSCA DO OURO EM PARIS

Foto: FIVB

Pela terceira vez consecutiva nos Jogos Olímpicos, Gabi Guimarães vai a Paris muito mais confiante e determinada a continuar sendo uma das melhores em quadra. Com uma equipe super focada, a capitã garante muita entrega para conquistar o tão sonhado ouro. 

Ela chega mais madura e, com certeza, toda essa energia de liderança contagia o restante do time.

“Na primeira Olimpíada, que foi no Brasil, eu fiquei muito ansiosa e com a expectativa muito alta. Hoje, consigo viver esse processo de uma maneira completamente diferente. Consigo viver muito mais o presente porque já sei como as coisas funcionam, as distrações e os perigos que devo evitar. Além disso, sei como lidar com a ansiedade e o nervosismo. A experiência e a oportunidade de viver esses ciclos olímpicos faz uma diferença muito grande”, analisa a atleta em mais um trecho de sua entrevista para Quem.

Confiamos e acreditamos em você, Gabriela! Vai com tudo e volte para a nossa nação com o OURO no pescoço.