Pesquisa avaliou a opinião da população sobre a comercialização e tributação de Tabaco, alimentos ultraprocessados e bebidas alcoólicas

Foto: Reprodução/ A Gazeta

Por Maria Vitória Moura

Pesquisa realizada pelo Instituto Datafolha para a Aliança de Controle do Tabagismo (ACT), feita no último mês de julho, envolveu 2.005 entrevistados de variadas regiões do Brasil. O objetivo era avaliar a opinião da população sobre a comercialização e tributação de tabaco, alimentos ultraprocessados e bebidas alcoólicas.

O resultado da análise demonstra que 9 em cada 10 entrevistados desejam o aumento de tributos para produtos nocivos à saúde e ao meio ambiente. Além disso, 73% dos participantes são a favor de que os impostos arrecadados sobre produtos que fazem mal à saúde, como cigarros, bebidas alcoólicas e alimentos ultraprocessados, sejam destinados ao Sistema Único de Saúde (SUS).

Em contrapartida, a pesquisa aponta que apesar de 94% da população ser a favor do aumento de impostos para produtos nocivos, essa porcentagem cai para menos da metade quando esses produtos são bebidas adoçadas (47%) e alimentos ultraprocessados (46%). O apoio à taxação é maior em relação ao tabaco (79%), produtos com altas taxas de emissão de carbono (72%), bebidas alcoólicas (71%) e agrotóxicos (64%).

Em relação aos ultraprocessados, a rejeição à comercialização nas cantinas das escolas e às propagandas destinadas ao público infantil fica quase acima de 70% em grande parte da amostragem, tanto por idade, sexo, região e classe social, com ênfase no sexo feminino, que é 78% contra, enquanto o masculino é 67%. O que preocupa na análise é a baixa rejeição entre os mais jovens, de 16 a 24 anos, os quais apenas 58% se mostraram contrários.

A pesquisa também perguntou se os entrevistados eram a favor ou contra a cesta básica ser composta exclusivamente por alimentos saudáveis. Como resultado, 89% se colocou a favor. Hoje, justamente pelos incentivos fiscais cedidos aos ultraprocessados, produtos como margarina, salsicha e macarrão instantâneo entram na cesta básica do brasileiro. Esses produtos são nocivos à saúde e fazem parte do enriquecimento de multinacionais com grande poder de influência.

Sobre esses incentivos fiscais, apenas 57% dos entrevistados se mostraram contrários às isenções fiscais cedidas pelo governo brasileiro para fabricantes de produtos como cigarro, bebidas alcoólicas e ultraprocessados. Esse dado faz um paralelo com a amostra de que 89% dos participantes querem uma cesta básica mais saudável para o povo brasileiro.

O resultado da pesquisa do Datafolha demonstra que a população está cada vez mais preocupada com a saúde, principalmente em relação à alimentação das crianças dentro e fora das escolas. Tais resultados reforçam a necessidade de medidas como as já desenvolvidas em alguns estados e municípios brasileiros, onde a alimentação escolar é reforçada com alimentos in natura e projetos de lei preveem a diminuição ou proibição de ultraprocessados nas escolas. Outro ponto importante refletido nos dados da análise é a urgência de que a reforma tributária em avaliação no Senado contemple os interesses enfatizados pela população.