Por Marília Monteiro para a Cobertura Colaborativa da NINJA Esporte Clube

Os primeiros Jogos Olímpicos registrados na história, aconteceram em 776 a.C, na Grécia. O termo “Olimpíadas” surgiu após uma aliança entre Iftos, o rei de Ilia, Licurgo, monarca de Esparta e Clístenes, rei de Pissa, selada no templo de Hera, no santuário de Olímpia. Em 776 a.C., ficou acertado que as Olimpíadas seriam realizadas a cada quatro anos, com provas abertas aos gregos que fossem cidadãos livres, no qual os campeões do evento esportivo recebiam uma coroa de louros.  Os Jogos Olímpicos, em homenagem a Zeus, aconteciam no santuário de Olímpia, reunindo diferentes modalidades. Com a invasão dos romanos à Grécia, em 456 a.C., o imperador Teodósio I, proibiu festas pagãs, adoração aos deuses, inclusive os Jogos Olímpicos, ao se converter ao cristianismo. Assim, a última competição olímpica na Antiguidade aconteceu em 393 a.C., sendo ressignificada na Era Moderna. 

Foto: Centennial Olympic Park

No século XIX, o pedagogo e historiador francês Charles Pie rre Fredy, conhecido pelo seu título nobiliárquico de Barão de Coubertin ou Pierre de Coubertin, nasceu na cidade de Paris, na França. Coubertin, motivado pelo ideal de educação por meio do esporte, idealizou as Olimpíadas Modernas, como instrumento de aproximação entre os povos e promoção da paz. Com o apoio do americano William Sloane e do inglês Charles Herbert, Coubertin fundou em Sorbonne, na França, em 1894, o órgão precursor do Comitê Olímpico Internacional (COI), na presença de representantes de 15 países, permanecendo até hoje no controle de todo o mundo olímpico.

Foto: Picture-Alliance/ASA/Schirner Sportfoto

Encantado pelo mundo dos esportes, Coubertin praticou equitação, esgrima, boxe, remo e tênis. Inspirado no modelo de educação anglo-saxônico dos ingleses, organizou diferentes escolas esportivas, com objetivo de revitalizar a juventude francesa e incentivar a responsabilidade e independência, tornou-se secretário geral da União das Sociedades Esportivas e Atlética Francesa (USFSA), que ele mesmo fomentou. Em 1915, mudou a sede do COI para Lausanne, e se mudou para lá com sua família em 1919. Dois anos antes havia fundado um instituto olímpico como modelo esportivo público, instigado nos ginásios gregos, destinado a classe trabalhadora para melhorar as condições de saúde e educacional.

Foto: GETTY

Conhecido também pela célebre frase “O importante é competir”, Pierre de Coubertin planejava realizar a primeira edição dos Jogos Olímpicos em 1900, durante a Exposição Mundial em Paris. Contudo, o príncipe Constantino da Grécia, entusiasmado com a ideia, organizou os jogos em dois anos, com intuito de recomeçar a competição no próprio país. Assim sendo, em 6 de abril de 1896, foram inaugurados os primeiros Jogos Olímpicos da Era Moderna.   

Os Jogos Olímpicos de Verão de 1896, oficialmente considerados como Jogos da I Olimpíada, foram realizados em Atenas, na Grécia, entre 6 e 15 de abril. A frase de abertura dos jogos improvisada pelo rei do país,  George I – “Declaro aberto os primeiros Jogos Olímpicos em Atenas”, se consolidou nas cerimônias de aberturas subsequentes. A Olimpíada contou exclusivamente com a participação de 241 atletas masculinos de catorze países, nas provas de atletismo, ciclismo de estrada e de pista, esgrima, luta Greco-Romana, levantamento de peso, natação, halterofilismo, ginástica, tênis e tiro esportivo. Os atletas dos Estados Unidos conquistaram 11 medalhas de ouro, seguido da Grécia, com 10, e Alemanha, com 6. O termo “olimpíadas” foi adotado devido cada modalidade ser considerada como um jogo em separado, com espaço de quatro anos entre as competições, segundo o site olympics.

As mulheres estavam proibidas de competirem em 1896, e somente nos Jogos de Amsterdã, em 1928, conseguiram participar das provas de atletismo. As modalidades continuaram a expandir, e o vôlei foi o primeiro esporte coletivo que as mulheres puderam disputar nos Jogos Olímpicos de 1964, em Tóquio. Em 2012, nas Olimpíadas de Londres, foi a primeira vez na história que as mulheres participaram de todas as modalidades. Hoje, nas Olimpíadas de Paris 2024, a participação feminina é expressiva. Um exemplo marcante é o caso da delegação brasileira, que pela primeira vez na história as mulheres representam 55% da equipe total, alcançando a equidade de gênero nunca vista nas competições anteriores. 

Foto: Marina Ziehe/COB

Os Jogos Olímpicos de 1896, não tiveram um pôster oficial, tornando-se reconhecido pela imagem utilizada no relatório oficial. O desenho mostra o estádio Olímpico, a Acrópole, uma jovem personificando a deusa Atena e a apresentação de um ramo de oliveira ao vencedor, simbolizando a ligação entre os Jogos da Antiguidade e os primeiros jogos da Era Moderna. Os vencedores receberam uma medalha de prata, um ramo de oliveira e um diploma, enquanto os competidores que ficaram em segundo lugar receberam uma medalha de bronze/cobre, um ramo de louro e um diploma. A marca registrada na medalha em Atenas tem o rosto de Zeus com a mão segurando o globo, apoiando a deusa da vitória, Nikki, com um ramo de oliveira em suas duas mãos. No verso, contém a Acrópole com a inscrição “Jogos Olímpicos de Atenas em 1896”, em grego.    

Foto: NWay

O sonho idealizado não realizado: entre os Jogos e a promoção de paz

O sonho inicial dos Jogos Olímpicos Modernos de Pierre de Coubertin, com o intuito de aproximar as nações, ficava cada vez mais distante de se tornar realidade. Nos Jogos de 1936, na Alemanha, Adolf Hitler se negou a reconhecer as quatro vitórias de Jesse Owens, um homem negro norte americano. O atleta ganhou medalhas nos 100m, 200m, revezamento 4×100 e salto em distância. O momento foi considerado histórico e simbólico diante do contexto histórico e social do país sede das Olimpíadas. Owens conta em sua biografia que não sofreu racismo apenas na Alemanha, mas em seu próprio país de origem, marcado pela segregação racial, no qual o presidente, Franklin Roosevelt não o parabenizou pela conquista e o atleta ainda foi obrigado a entrar pela porta de trás da Casa Branca, diferentemente dos seus colegas brancos que entraram pela porta da frente. Jesse Owens morreu em março de 1980, aos 66 anos, deixando um legado importante para gerações posteriores. 

Foto: Domínio Público

Nos Jogos Olímpicos de 1972, em Munique, na Alemanha Ocidental, terroristas do grupo Setembro Negro invadiram a vila olímpica e fizeram 11 membros da delegação de Israel refém. A situação crítica resultou na morte de 17 pessoas, seis treinadores, cinco atletas e um policial, de acordo com o site globo. Os Jogos Olímpicos de 1980, em Moscou, na Rússia, foram boicotados por 65 países ocidentais a pedido do presidente dos Estados Unidos, em protesto à invasão do Afeganistão pelas tropas soviéticas. Nos quatro anos depois, nas Olimpíadas de 1984, em Los Angeles, nos Estados Unidos, os soviéticos se recusaram a participar dos jogos. Mesmo com a ausência de 16 países, 140 delegações participaram, registrando um número recorde nos Jogos Olímpicos, segundo a Memória Globo. Nos últimos anos, aconteceu a pandemia pelo Coronavírus e o aprofundamento das tensões e conflitos entre os países, tornando complicado manter relações de paz para acontecer a realização dos eventos esportivos.          

Foto: AFP
Foto: Acervo Lance!
O apartamento onde os israelenses foram feitos reféns / Foto: Wikimedia Commons