Por Julia Moreira

Campeã mundial em 2023, a Seleção Espanhola passou por um período de reformulação de sua comissão técnica após as polêmicas envolvendo o ex-treinador Jorge Vilda e o ex-presidente da Federação Espanhola, Luis Rubiales. No comando desde setembro de 2023, a treinadora Montse Tomé, substituta de Vilda, estará na beira do campo na estreia da Espanha nas Olimpíadas de 2024 contra o Japão, nesta quinta-feira (25), às 12h (horário de Brasília).

Parte da equipe técnica no mundial em 2023, Montse Tomé atuava como assistente técnica de Jorge Vilda desde 2018. Agora, no comando da comissão, ela conta com sete profissionais, dos quais quatro já trabalhavam com Vilda. Os membros que mantiveram seus cargos são o preparador de goleiros Carlos Sanchez, a preparadora física Blanca Romero e o analista Rubén Jiménez. O único a trocar de cargo após a mudança de técnicos é Javier Lerga, que deixou de ser um dos auxiliares de Vilda para ser assistente técnico de Montse. 

Os novos nomes da comissão são Irene del Río, que atua como auxiliar técnica; Kiko Meléndez, substituindo Javier Egido como analista; e Emilio González, psicólogo que ocupa a antiga posição de Javier López Vallejo. A última adição do corpo técnico foi a do preparador físico Víctor Cervera, em outubro de 2023.

As polêmicas de Jorge Vilda

No comando da seleção principal por oito anos, Jorge Vilda atraiu a insatisfação da equipe, que se tornou notória em 2022, quando as jogadoras redigiram uma carta à federação. No documento, entre as acusações de abuso moral e a demanda de uma equipe médica para a equipe, quinze jogadoras renunciaram à camisa da Fúria.

Um ano depois, às vésperas da Copa do Mundo, três das atletas que assinaram a carta concordaram com a convocação para a competição: Aitana Bonmatí, Mariona Caldentey e Ona Batlle. Além delas, outras jogadoras que apoiaram o boicote, como Alexia Putellas, Jenni Hermoso e Irene Paredes, também aceitaram a convocatória.

No entanto, a polêmica reacendeu durante a reta final do mundial, quando o presidente da Federação Espanhola, Luis Rubiales, beijou à força Hermoso na cerimônia de premiação. Em uma Assembleia Geral Extraordinária da RFEF após o ocorrido, o presidente afirmou que não iria renunciar ao cargo. Com a repercussão negativa, onze membros da comissão técnica pediram demissão em conjunto, entre eles Montse Tomé e os companheiros que passaram a integrar sua comissão mais tarde.

Já o treinador Jorge Vilda não assinou o documento, visto que, dias antes, renovou o contrato por mais cinco anos. No dia 5 de setembro, a RFEF demitiu o técnico, que também ocupava a posição de diretor de futebol feminino. Em entrevista à rádio Cadena SER, Vilda afirmou não entender o motivo da demissão, considerada injusta por ele.

Expectativas para Paris

No início deste mês, a Real Federação Espanhola de Futebol (RFEF) anunciou a renovação do contrato da treinadora até agosto de 2025. Sob o comando da treinadora, a Espanha conquistou a Nations League, em fevereiro, após vencer a França com gols de Bonmatí e Caldentey. No final de maio, as espanholas também garantiram a classificação para a Eurocopa de 2025.

A treinadora, que é primeira mulher a treinar a Seleção, vê com otimismo a participação da equipe nas Olimpíadas. Em busca do ouro inédito na primeira participação da seleção no futebol olímpico, a convocação conta com 15 jogadoras que estiveram na Copa do Mundo, incluindo as vencedoras das últimas duas edições do Prêmio de Melhor Jogadora da FIFA: Bonmatí e Putellas. 

“Encaramos cada torneio com o máximo de entusiasmo e ambição. É verdade que esta é a primeira vez na história que a Espanha estará nos Jogos Olímpicos. Isso nos deixa muito ansiosas, motivadas e humildes para encarar tudo isso”, disse Montse em entrevista à FIFA.

Após a estreia contra o Japão, a Espanha enfrenta a Nigéria, no domingo (28), às 14h (horário de Brasília) e o Brasil, na quarta-feira (31), às 12h, na busca pela classificação no Grupo C.