Criando Lendas: A Formação de Talentos no Futebol Feminino
Como a Base Impulsiona a criação de jovens talentos no esporte Por Grace Ketly Barbosa da S. Lima O futebol feminino, antes desprezado e às margens da atenção esportiva, está vivenciando uma revolução notável nos últimos anos. O desenvolvimento de atletas talentosas, no futebol feminino, tornou-se uma realidade concreta, alimentando o entusiasmo de uma […]
Como a Base Impulsiona a criação de jovens talentos no esporte
Por Grace Ketly Barbosa da S. Lima
O futebol feminino, antes desprezado e às margens da atenção esportiva, está vivenciando uma revolução notável nos últimos anos. O desenvolvimento de atletas talentosas, no futebol feminino, tornou-se uma realidade concreta, alimentando o entusiasmo de uma nova geração de jogadoras determinadas a alcançar os mais altos patamares do esporte. Com foco, resiliência e esforço contínuo, as jovens talentosas têm desafiado estereótipos, superado obstáculos e construído o caminho para um futuro brilhante no esporte. Exploraremos os fatores impulsionadores desse fenômeno, destacando a importância do desenvolvimento estruturado da base para a evolução do futebol feminino.
O Despertar do Talento
Na última década, o crescimento do futebol feminino foi notório, mas os desafios ainda permanecem. Desde cedo, muitas garotas demonstram paixão e habilidade com a bola. Anteriormente, esses talentos eram, na maioria das vezes, desperdiçados devido à falta de infraestrutura e de oportunidades adequadas para crescerem dentro do esporte. Mas, com o crescente interesse e investimento no futebol feminino, clubes, associações e, até mesmo, países inteiros têm adotado programas de desenvolvimento que detectam e nutrem esses talentos em ascensão. Essas iniciativas fornecem uma base sólida para a escalada do esporte e da atleta, permitindo que as jovens jogadoras, em um ambiente encorajador, aprimorem suas habilidades técnicas e táticas.
A Importância do Apoio Familiar
No futebol feminino, o desenvolvimento de atletas talentosas vai muito além dos campos e do treinamento. Uma rede de apoio, principalmente familiar, é o fator fundamental que ajuda a impulsionar o sucesso dessas jovens atletas. À medida que mais famílias enxergam o valor e o potencial do esporte, a mentalidade conservadora, que o relacionava, apenas, ao público masculino, está sendo desafiada e substituída por uma em que prevaleça a igualdade de oportunidades. Parte das meninas não tem acesso ao esporte, durante a infância, devido a fatores culturais e sociais. Dessa forma, o apoio dos pais, amigos e colegas de equipe desempenha um papel importantíssimo na construção da confiança das jogadoras e na crença de que elas podem conquistar seus sonhos esportivos, uma vez que se trata de um esporte coletivo.
Um estudo realizado pela USP, em parceria com a College of Sport and Exercise Science at Victoria University, da Austrália, entrevistou 29 atletas da equipe vencedora da Copa Libertadores da América Feminina, no ano de 2009: 51,7% iniciaram a prática do futebol feminino “na rua” e 48% delas afirmaram que o treinamento não era planejado, concluindo que o interesse e o amor pelo futebol foram os principais motivadores para a manutenção da prática.
Cerca de 93,1% das entrevistadas relataram receber apoio familiar para o desenvolvimento no esporte. Ainda foi possível observar que a formação de algumas das principais jogadoras de futebol, do Brasil e do mundo, não ocorre de modo sistematizado e com treinamento formal, depende do apoio familiar e da possibilidade de jogar, em locais públicos, com meninos.
Raízes Fortes, Conquistas Maiores
Todo grande feito começa com um grande sonho. Os programas de desenvolvimento, na Base no futebol feminino, permitem o acesso igualitário (independentemente do gênero) e desempenham papel fundamental na melhoria do esporte no país. É por isso que a CBF implantou a Liga de Desenvolvimento Feminina, que busca desenvolver jovens atletas da Base dos Clubes Brasileiros no esporte.
A necessidade de melhoria nos times de base, dentro do futebol feminino, veio de uma decisão da Conmebol, em 2017. Nessa regulamentação, tornou-se obrigatório, a todos os clubes que desejassem disputar competições masculinas, que tivessem, também, a partir de 2019, times correspondentes no feminino.
Em respeito ao acordo, os clubes passaram a ter times de mulheres, e o Futebol Feminino, desde então, ganhou corpo. Alguns times destacaram-se, nacionalmente, nesse aspecto, pois já investiam na base feminina mesmo antes da decisão. É o caso, por exemplo, do Corinthians F.C. e da Ferroviária, times cujas iniciativas inspiram garotas a almejarem uma carreira no futebol.
A Federação Paulista de Futebol é pioneira no incentivo à base de times femininos, sendo a primeira, do país, a implementar um campeonato de base feminino, o Paulista sub-17. Em seu primeiro ano, o torneio contou com 17 times participantes, fato que evidenciou a pré existência dessas equipes, mesmo com a falta de investimento na área para a realização de campeonatos.
A determinação da CBF para que todos os clubes da Série A, do Campeonato Brasileiro masculino, formassem uma equipe feminina de base e outra adulta mudou o panorama da modalidade no país. Após as decisões, clubes da elite do futebol nacional anunciaram peneiras e os times de base passaram a ser formados.
O crescimento contínuo do esporte é resultado do investimento, do apoio da família e de uma boa formação de base. O Centro Olímpico de Treinamento e Pesquisa (COTP), que possui categorias sub-9, sub-11, sub-13, sub-15 e sub-17, é um projeto da Prefeitura da Cidade de São Paulo e referência no assunto. Considerada, por muitos, a equipe de base mais vitoriosa do futebol feminino, já foi campeã do Brasil e das Américas, na categoria sub-14, entre vários outros títulos.
Desafios a Serem Superados
Mesmo diante do elevado sucesso do futebol feminino brasileiro, no cenário internacional, é evidente que a estrutura continua sendo, relativamente, precária na formação das atletas dessa modalidade. Ainda, existe uma carência de estruturas públicas escolares e esportivas, em nosso país, para dar suporte aos atletas em ascensão.
Apesar das circunstâncias, dos investimentos recentes e do crescimento da modalidade, grande parte das oportunidades, para garotas entre 11 e 15 anos, se concentram na capital Paulista. Além desse fator, a maioria dos grandes clubes que criaram times de base feminino tem, apenas, equipes sub-17.
É necessária a consolidação de uma cultura na qual haja um programa sistematizado de formação de novos talentos, encaminhando essas garotas, desde cedo, para o treinamento, fator que é essencial para o desenvolvimento de futuras atletas.
Fontes: CBF, FIFA, Gazeta,Globo , RBFF e Trivela.
Texto produzido em cobertura colaborativa da NINJA Esporte Clube