CPI do Golpe começa com investigação de atos que antecedem 8 de Janeiro; Anderson Torres e PRF na mira
Relatora Eliziane Gama argumentou que é essencial compreender as ações que precederam o dia 8 de janeiro e levaram à invasão da praça dos Três Poderes
A senadora Eliziane Gama (PSD-MA), que atua como relatora da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) responsável pela investigação dos atos antidemocráticos ocorridos em 8 de janeiro, apresentou nesta terça-feira (6) o plano de trabalho que será seguido pelo colegiado. O documento foi aprovado pela maioria dos integrantes.
Anderson Torres e ação da PRF na mira
Conforme o plano de trabalho, denominado CPMI do Golpe, a investigação terá início com o exame da conduta do à época ministro da Justiça e Segurança Pública, Anderson Torres, em relação à Polícia Rodoviária Federal (PRF) durante o segundo turno das eleições de 2022 e as “manifestações golpistas ocorridas nas rodovias nacionais logo após o resultado do pleito”.
O texto ressalta que novos eventos relacionados podem ser incluídos posteriormente. Torres é acusado de utilizar operações da PRF para dificultar a mobilidade dos eleitores no Nordeste durante o período de votação.
Seguindo o plano de trabalho, a investigação se concentrará na atuação de Anderson Torres como secretário de Segurança Pública do Distrito Federal (DF), nos acontecimentos ocorridos nos dias 12 e 24 de dezembro, no acampamento próximo ao Quartel-General do Exército em Brasília, bem como no planejamento e nas ações dos órgãos de segurança pública da União e do Distrito Federal no dia 8 de janeiro.
Medidas que falharam ou foram sabotadas
Também serão apurados o “apagão na execução das medidas de contenção”, as manifestações públicas e nas redes sociais de agentes políticos contra o resultado das eleições, a relação entre o então ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), Mauro Cid, e indivíduos envolvidos nos atos golpistas, bem como a atuação dos órgãos das Forças Armadas e sua relação com os acampamentos de manifestantes estabelecidos na capital federal.
Ao justificar o plano, Eliziane Gama argumentou que é essencial compreender as ações que precederam o dia 8 de janeiro que levaram à invasão da praça dos Três Poderes. A senadora maranhense afirmou:
“O dia dos atos de vandalismo não começou à meia-noite de 8 de janeiro de 2023, mas muito antes, em uma sucessão de eventos que, para dizer o mínimo, exaltaram os ânimos”.
O relatório apresentado destaca a investigação dos eventos ocorridos nos dias 12 e 24 de dezembro em Brasília. No dia 12, durante a cerimônia de diplomação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), manifestantes incendiaram veículos e tentaram invadir a sede da Polícia Federal. Já no dia 24, um artefato explosivo foi encontrado em um caminhão próximo ao aeroporto de Brasília.
“A gravidade de dois eventos ocorridos nos dias 12 e 24 ficou ofuscada pelo impacto do 8 de janeiro”, afirmou a senadora.
No que diz respeito ao dia 24, Eliziane declarou que não se tratou de uma ação amadora ou de “uma trapalhada qualquer”.