Uma pesquisa recente divulgada pelo jornal Folha de S.Paulo, conduzida pelo instituto Datafolha, trouxe à tona um panorama complexo das opiniões dos brasileiros em relação às políticas de cotas em universidades e institutos federais. Os resultados revelaram um amplo apoio à existência de cotas, mas uma divisão evidente quanto aos critérios raciais para a alocação dessas vagas.

Dos 2.002 entrevistados nos dias 19 e 20 de março, uma expressiva maioria de 83% manifestou apoio à implementação de cotas nas instituições de ensino superior federais. No entanto, quando se trata do critério racial para a distribuição dessas vagas, a opinião pública se divide.

Os resultados da pesquisa revelaram as seguintes posições em relação às cotas, conforme recorte realizado pelo G1.

  • 42% dos entrevistados acreditam que as cotas devem permanecer como estão, considerando-as fundamentais para corrigir desigualdades raciais;
  • 41% defendem que as vagas devem ser reservadas exclusivamente para estudantes de escolas públicas, independentemente de cor ou raça;
  • 15% são contrários à reserva de vagas para qualquer grupo;
  • 2% não têm uma opinião formada ou deram outras respostas.
  • Os dados também destacam que as opiniões variam consideravelmente entre diferentes grupos demográficos. Por exemplo, 47% das pessoas negras e 47% dos jovens com idades entre 16 e 24 anos expressaram apoio à política atual de cotas. Em contraste, apenas 18% dos brancos e 21% das pessoas com 60 anos ou mais se mostraram contra a reserva de vagas em universidades e institutos federais para qualquer grupo específico.

A pesquisa também revelou que a definição de quem é considerado pardo para os comitês responsáveis pela seleção de alunos através das cotas raciais continua sendo um tema de debate e questionamento.

Desde 2013, as universidades e institutos federais têm adotado critérios de cotas para parte de suas vagas. No entanto, a lei que regulamenta esse sistema passou por revisões recentes, implementadas no ano anterior. Algumas das mudanças incluem a reserva de metade das vagas para estudantes de escolas públicas de baixa renda, pretos, pardos, indígenas e pessoas com deficiência.

Entre as principais alterações na legislação das cotas, destacam-se: reserva de 50% das vagas para estudantes com renda familiar igual ou inferior a um salário mínimo, ajustando o valor anteriormente estipulado em um salário mínimo e meio; inclusão de quilombolas na reserva de vagas; políticas de inclusão em programas de pós-graduação para pretos, pardos, indígenas, quilombolas e pessoas com deficiência e avaliação do programa a cada 10 anos, com ciclos anuais de monitoramento.

*Com informações do G1