Estudantes da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj) seguem ocupando a reitoria contra o corte nos programas de auxílio à permanência estudantil, que começaram a valer a partir deste semestre. A ocupação, iniciada em 26 de julho, tem apoio de diversos movimentos estudantis e conta com o apoio de professores e técnicos do Sindicato dos Trabalhadores das Universidades Públicas do Rio de Janeiro (Sintuperj).

Os cortes incluem a redução de uma bolsa-material de R$ 600,00 semestrais, destinada a financiar livros e impressões, para metade desse valor. Além disso, um auxílio-alimentação de R$ 300,00 foi extinto nos campi onde há restaurante popular. A bolsa permanência de R$ 706,00, antes destinada a estudantes com renda familiar per capita de até 1,5 salário mínimo, agora só é válida para aqueles que vivem com até meio salário mínimo. As entidades estudantis estimam que essas mudanças comprometam a permanência de cerca de 1.400 estudantes na Uerj.

Frente à justificativa da reitoria da universidade, que atribui os cortes à insuficiência orçamentária, os estudantes propõem que o governo do estado seja responsabilizado pelo financiamento adequado, sem prejudicar a permanência de estudantes de baixa renda. “Sabemos do contingenciamento financeiro que vive nossa universidade e que o orçamento disponível é inferior à necessidade. Por isso, nossa luta é por mais orçamento e contra a política de destruição da Uerj”, afirmou Mariola Souza, estudante de Ciências Sociais.

Além da crise financeira, a Uerj tem enfrentado ataques sistemáticos há décadas. Nos anos 1990, a primeira proposta de privatização partiu de Roberto Jefferson, então deputado estadual, mas não avançou devido à forte reação contrária. Em 2021, o deputado estadual Anderson Moraes, do PSL, propôs o fechamento da Uerj, um projeto também refreado pela mobilização da comunidade acadêmica.

A história de engajamento político e social da Uerj, desde a ditadura militar até a implementação das políticas de cotas, tem sido um fator central para os repetidos ataques à instituição. A universidade é reconhecida por suas lutas pela democratização interna e pela primeira eleição direta para reitor em 1988.