
Corpo, estética e memória: oficinas do 19º For Rainbow potencializam formação e trocas
Evento ofereceu aulas de maquiagem para cinema, cultural ballroom, cinema negro e mais
Por Sé Souza
A 19ª edição do For Rainbow não se restringiu às exibições de filmes. Parte essencial da programação, as oficinas gratuitas promoveram encontros formativos que cruzaram arte, política e diversidade, reunindo artistas, pesquisadores e participantes em espaços de troca e criação. Entre os dias 22 e 29 de agosto, diferentes linguagens ganharam destaque com atividades voltadas à maquiagem para cinema, cultura ballroom, escrita e corpo dissidente, pesquisa documental e cinema negro.
Na Vila das Artes, no Atelier da Casa Barão de Camocim – Artes Visuais, a Oficina de Maquiagem para Cinema, ministrada por Bel Reis, propôs uma imersão no processo criativo de caracterização de personagens, do aprendizado técnico à experimentação de efeitos especiais básicos. O encontro revelou não apenas os bastidores de uma arte essencial para a narrativa cinematográfica, mas também a potência da maquiagem enquanto linguagem estética e política.
Já a Oficina de Cultura Ballroom, conduzida por Dominik Ytalo e Bev Feitosa no Centro Cultural Belchior, transformou o espaço em território de corpo e resistência. No primeiro dia, os ministrantes apresentaram uma imersão teórico-histórica na cena criada por pessoas LGBTQIA+ negras e latinas como resposta ao racismo, à marginalização e à violência estrutural. No segundo, o chão foi tomado pelo treino de Vogue Femme, no qual os participantes vivenciaram os elementos clássicos da dança – catwalk, duckwalk, hands, floor e dip – como formas de afirmação, política e celebração.
No Porto Iracema das Artes, a oficina “Pioneiras do Cinema Negro: Uma Linha do Tempo do continente africano às diásporas”, de Elaine do Carmo, propôs uma linha do tempo crítica e sensível que revisitou trajetórias de mulheres negras pioneiras no audiovisual em diferentes continentes e temporalidades. A atividade destacou nomes que desafiaram o racismo estrutural da indústria e ressignificaram a imagem da mulher negra nas telas, cruzando memória, presença e resistência.
A programação contou ainda com a oficina “Escrita do aleijo para corpos dissidentes”, ministrada por João Paulo Lima, que explorou dança, palavra e performance a partir de perspectivas inclusivas, e com a oficina “Pesquisa de Personagem e Conteúdo para filmes e séries documentais”, de Joana Guedes Galetti, que compartilhou técnicas e experiências fundamentais para o cinema documental.
As oficinas se consolidaram como um dos pilares do festival, reforçando a ideia de que o For Rainbow foi não apenas um espaço de exibição, mas também de formação, aprendizado e afirmação cultural, atravessando gerações, territórios e identidades.