Copacabana ficou preta: Mulheres marcham no Rio contra o racismo
Por Kamilla Albino / Mídia NINJA Resgatando a ancestralidade e o matriarcado, a orla de Copacabana foi tomada por mulheres que em ato de resistência trouxeram um outro contraste ao local tradicionalmente frequentado por outras classes sociais e etnias. Por isso, diversas vezes durante a marcha via-se olhares turvos àquelas que ali ocupavam e comentários […]
Por Kamilla Albino / Mídia NINJA
Resgatando a ancestralidade e o matriarcado, a orla de Copacabana foi tomada por mulheres que em ato de resistência trouxeram um outro contraste ao local tradicionalmente frequentado por outras classes sociais e etnias. Por isso, diversas vezes durante a marcha via-se olhares turvos àquelas que ali ocupavam e comentários que não conseguiram conter a força da mulherada.
Este ano a marcha homenageia dentre tantas mulheres negras a mãe beata de Iemanjá, que faleceu em maio deste ano aos 86 anos e foi conhecida como uma grande ativista dos direitos humanos, religiosa e defensora da cultura afro e suas raízes. A festa foi embalada por diversos coletivos de percussão, dança e intervenções teatrais como o grupo Panteras Negras que resgatou a memória da luta anti racista na América, além de usar como armas a literatura negra, sua religiosidade e seu empoderamento estético. O som que envolveu a caminhada foi o afoxé e diversas músicas da cultura afro com a rapper Preta Rara e grupos como Bloco Afrocultural Imalê Ilê que encerrou a Marcha.
De acordo com o mapa da violência de 2015, 4.762 mulheres morreram em 2013, vítimas de homicídio, com uma taxa de 4,8 homicídios por 100 mil mulheres. E quando se trata da cor das vítimas, o número de homicídios de mulheres brancas cai de 1.747 vítimas em 2003 para 1.576 em 2013, enquanto de mulheres negras cresce agressivamente, no mesmo período, 54,2% passando de 1.864 para 2.875 vítimas. Ainda constata-se durante a vigência da Lei Maria da Penha, a queda de 2,1% do número de homicídio de brancas, ao passo em que houve aumento de 35% do homicídio de mulheres negras.
As mulheres negras saem deste mês com uma renovação através do afeto mútuo demonstrado em cada marcha, canto, abraço, dança e conexão que nos faz ser uma. Independente do tom da pele, faixa etária, experiências, momentos como esse traz mais um significado ao UBUNTU – Uma mulher é uma mulher através de outras mulheres.