Copa do Mundo: Um palco de emoção e manifestações por direitos
Relembre protestos na Copa de 2022 e outros mundiais
Por Rafael Lucas
Além dos dribles de Messi, arrancadas de Mbappé e o desempenho da seleção marroquina chamarem a atenção do mundo durante a Copa de 2022, o extracampo ficou em evidência a todo momento através dos protestos no torneio disputado no Catar.
Como já é de conhecimento de muitos, o país arabe é repleto de problemas em relação aos direitos das mulheres, pessoas LGBTQIAP+ e é também denunciado pela morte de trabalhadores durante a construção dos estádios para a Copa.
Manifestações, polêmicas e debates a respeito da cultura e regime conservador do país-sede marcaram o Mundial antes mesmo da bola rolar.
Uma das primeiras polêmicas foi quando atletas planejaram ações contra a homofobia, sugerindo que capitães das seleções usassem a braçadeira “One Love” em favor da causa. Mas, antes mesmo de colocarem em ação, receberam ameaças de punições esportivas pela Fifa.
Houve também manifestações antirracistas, a favor dos direitos das mulheres e contra o descaso do mundo com as guerras civis na África.
Essa não é a primeira Copa que se torna palco de reivindicações. Relembramos aqui também alguns episódios em Copas passadas.
Jogadores ingleses ajoelhados
Na segunda partida disputada na Copa do Mundo do Catar, entre Irã e Inglaterra, jogadores da seleção inglesa se ajoelharam em campo antes do pontapé inicial. O ato foi um visto como uma manifestação antirracista e um protesto contra a decisão da Fifa em proibir o uso da braçadeira “One Love” com cores do arco-íris contra as leis anti-LGBTQIAP+ do país arabe. Essa ação se repetiu no jogo contra os EUA e País de Gales.
Irã: Torcida feminina na arquibancada e jogadores em silêncio
Na mesma partida em que jogadores ingleses se ajoelharam, os atletas iranianos não cantaram o hino do Irã em protesto ao regime autoritário no país e a repressão às mulheres. As mulheres presentes na arquibancada por sua vez levaram cartazes pedindo mais liberdade e comemoraram por poder assistir um jogo de futebol no estádio, ato que não é permitido no Irã.
Senêgales protesta contra descaso das guerras
Em partida entre Senegal e Equador, na última rodada da fase de grupos, o atacante senegalês Ismaila Sarr abriu o placar do jogo, tampou os olhos com uma mão e simulou uma arma apontada contra a sua cabeça com a outra. O gesto foi um protesto contra o desprezo e pouca visibilidade do mundo com as guerras civis e massacres que ocorrem na África.
Jogadores alemães fizeram gesto contra censura
Em jogo de estreia contra o Japão, os atletas da seleção da Alemanha taparam a boca ao tirar uma foto em campo. O gesto foi um protesto à proibição da Fifa pelo uso da braçadeira de capitão da campanha “One Love” nos jogos no Catar. A faixa de capitão é um símbolo em apoio à causa LGBTQIAP+.
Seleção do Marrocos levanta bandeira palestina
A seleção do Marrocos comemorou a classificação para as semis e quartas de final com uma bandeira do país palestino. Tanto torcedores quanto jogadores levantam têm levantado a bandeira para mostrar que apoiam o que é chamado de “Questão Palestina”. O termo se refere à luta dos povos palestinos após a perda de seus territórios em função da criação do Estado de Israel em 1948.
Torcedor invade campo com bandeira LGBTQIAP+
No jogo entre Portugal e Uruguai pela 2ª rodada da fase de grupos, um torcedor invadiu o campo com uma bandeira LGBTQIAP+. A blusa utilizada pelo rapaz possuía duas frases. Nas costas da camisa, tinha a frase “respeito pelas mulheres iranianas”. Na parte da frente, estava escrita a frase “salvem a Ucrânia”.
Manifestações em outras copas
Protestos e reivindicações em favor dos direitos humanos não é uma exclusividade deste Mundial no Catar. Manifestações marcantes fazem parte da história das Copas do Mundo, tanto feminina como masculina.
Marta dedicou gol a luta por igualdade de gênero
Em 2019, ao realizar seu 16° gol em Copa do Mundo, Marta apontou para as chuteiras decoradas com um símbolo rosa e azul que representa igualdade. Com esse gol, a artilheira atingiu a marca de ser a primeira jogadora a fazer gols em cinco Mundiais diferentes. Na mesma Copa, Marta tornou-se a maior artilheira das Copas do Mundo, entre homens e mulheres.
Reinaldo marca gol contra ditadura militar
Na Copa do Mundo de 1978, o camisa 9 da seleção brasileira marcou um gol contra a Suécia e comemorou com o punho cerrado em riste. Em entrevista ao El País Reinaldo disse: “No meu caso era um gesto socialista, em protesto pelo fim da ditadura.”
Jogadora dos EUA não canta o hino
Na Copa de 2019, a atleta Megan Rapinoe dos EUA se recusou a cantar o hino e colocar a mão no peito. O gesto é um protesto pela igualdade para mulheres e a causa LGBTQIAP+.
Definitivamente, Copa do Mundo não é só futebol. Nem o próprio futebol é só futebol, também é um espaço que traz reivindicações, representações e lutas de distintos povos do mundo.
Texto produzido em cobertura colaborativa da NINJA Esporte Clube