Copa do Mundo Feminina: uma nova visibilidade para uma velha competição
Com um pouco mais de sessenta anos de espera, a Federação Internacional de Futebol (FIFA) finalmente instituiu que a competição mundial também fosse disputada por mulheres. Como estão os números desta edição?
Por Natalia Corrêa / Copa FemiNINJA
Enquanto a Copa do Mundo masculina de futebol existe desde 1930, a copa feminina só teve sua estreia na década de 1990. Com um pouco mais de sessenta anos de espera, a Federação Internacional de Futebol (FIFA) finalmente instituiu que a competição mundial também fosse disputada por mulheres. E foi na China, em 1991, que a bola rolou na primeira partida em uma Copa Feminina de Futebol. A estreia da disputa contou com a participação de 12 seleções: Nigéria, China, Taiwan, Japão, Brasil, Nova Zelândia, Dinamarca, Alemanha, Noruega, Suécia e Estados Unidos, que levou o título do mundial.
A primeira versão da Copa do Mundo feminina de futebol ocorreu em julho de 1970, na Itália. Sem a autorização da FIFA, recebeu o nome do patrocinador da competição: Martini Rosso Cup. Um ano depois, o torneio teve mais uma edição antes de sua estreia oficial, realizada no México.
Em 1995 o país sede da competição foi a Noruega, em 1999 e 2003 foram os Estados Unidos, já em 2007 a China teve seu lugar sede novamente. Em 2011 foi a Alemanha, em 2015 foi o Canadá, que obteve um aumento de 16 para 24 seleções participantes do mundial. Neste ano, em sua oitava edição, a Copa feminina está sendo disputada na França. Ainda não foi definido qual país será a sede da nona edição do torneio, porém a FIFA informa que o Brasil está entre os postulantes.
Desde a primeira partida de futebol da competição feminina, teve um crescimento importante na área comercial, técnica e cultural. Em 2015, 1, 35 milhão de pessoas foram aos estádios do Canadá assistirem às 52 partidas de futebol da Copa do Mundo. A audiência chegou a marca de 750 milhões de pessoas que assistiram aos jogos pela televisão. A FIFA aguarda um número similar ou até maior do público na França, enquanto alguns executivos da Federação acreditam que a marca de audiência da edição anterior será ultrapassada facilmente.
Até o início da competição, dia 7 de junho, mais de 800 mil ingressos foram vendidos para os jogos desta edição. Para as semifinais e final, que será realizada no estádio de Lyon, os ingressos para as partidas esgotaram e foram vendidos em 48 horas. Além disso, é a primeira vez na história que o maior canal de televisão aberta do Brasil, a emissora Rede Globo, fez as transmissões dos jogos da seleção brasileira. A emissora Band também transmitiu os jogos. Na TV fechada, os canais do SportTV e Band Sports estão cobrindo todo o torneio diretamente da França.
A copa na França ainda conta com mais estreias e visibilidade. Ao invés de usar o mesmo designer dos homens, é a primeira vez, nas oito edições da competição, que as seleções estão vestindo uniformes especificamente desenhados para as mulheres. A equipe Holandesa, já apresentou seu uniforme no jogo contra a Nova Zelândia, em que exibe um escudo exclusivo da seleção. Uma leoa foi desenhada para o novo manto, que a dois anos foi substituído pelo leão usado pela seleção masculina no país.
“Eu acho um grande avanço e uma grande conquista ter conseguido que a copa feminina de futebol tenha essa visibilidade. Justamente por quê se lutou muito por isto. Pelos espaços, e ainda se luta muito, das mulheres.” Comentário da jornalista Laura Gross, da Rádio Guaíba (Rio Grande do Sul), sobre a nova visibilidade da oitava edição da copa do mundo feminina. “Mesmo que seja aos poucos, é extremamente importante que se fale sobre isso. Mostrar que as mulheres têm sim o mesmo espaço que os homens. Que só falta essa questão da visibilidade. Por que nós mulheres, temos ótimas profissionais na área.”
Desde o início da competição mundial, ou de qualquer outro evento futebolístico, as coberturas e transmissões são feitas por jornalistas homens. Além do grande avanço das mulheres no jornalismo esportivo, nota-se que há um grande avanço das mulheres na comunicação esportiva e no futebol.
Com a copa do mundo feminina sendo transmitida pela primeira vez em rede nacional, não poderia faltar uma equipe de jornalistas mulheres para cobrir a competição. Nas emissoras, canais e algumas plataformas digitais percebe-se um time de jornalistas apaixonadas por esporte cobrindo o torneio. No grupo da Rede Globo, são quatro profissionais que estão na França para acompanhar de perto a competição. Entre elas, está a Carol Barcellos, a Lizandra Trindade, Ana Thaís Matos e Nadja Mauad.
Outra rede de comunicação que está fazendo cobertura da copa é a Mídia Ninja, através dos canais digitais, fazendo transmissões de todos os jogos da competição, assim como o canal Dibradoras, que é voltado para o futebol feminino. O que é extremamente importante para dar continuidade a esse evento esportivo. Que desde sempre fora deixado de lado, sem dar créditos para as jogadoras que também deram o melhor de si para estarem no lugar onde estão. “Pra chegar onde elas querem chegar, precisa de gente que invista nelas desde a base, coisa que não acontece. Para que nós tenhamos tudo isso que a gente gostaria de ter, no futuro”, finaliza Laura.