Copa do Mundo Feminina: a briga pelo troféu e pela igualdade salarial
Com greves, campanhas e denúncias, seleções como EUA e Austrália travaram uma luta pela igualdade salarial
Por Gabrielle Aguiar
A Copa do Mundo Feminina 2023 começou quebrando recordes de audiência, quantidade de árbitras, jogadoras da comunidade LGBTQIA+, ingressos vendidos e muito mais. Mas a igualdade salarial ainda é deixada de lado. Os olhos precisam estar dentro e fora do campo, já que muitas jogadoras e entidades estão na briga, também, pela igualdade financeira com os homens.
Apenas em 2022
Nas nove edições do torneio feminino, nenhuma seleção tem mais títulos do que os Estados Unidos, que já acumulam quatro troféus. Em comparação com a seleção masculina americana, a melhor posição dos homens em Copas do Mundo foi em 1930, quando foram eliminados na semifinal.
Apesar disso, foi apenas em 2022 que a Federação de Futebol dos Estados Unidos (USSF), a Associação de Jogadoras da Seleção Feminina dos Estados Unidos (USWNTPA) e a Associação de Jogadoras da Seleção Nacional de Futebol dos Estados Unidos (USNSTPA), chegaram a um acordo que padronizou uma igualdade salarial entre os gêneros. Com isso, a US Soccer se tornou a primeira federação a igualar o prêmio em dinheiro da Copa do Mundo da FIFA, que é concedido às equipes pela sua participação no maior torneio mundial. Além disso, uma parte do acordo visa o compartilhamento de parte da sua receita de transmissão, parceria e patrocínio com uma divisão de 50/50 igualmente entre as ligas feminina e masculina.
Mais igualdade
As australianas são outras que precisaram lutar pela igualdade. Em 2019, a seleção feminina do país, ou Matildas, como também são conhecidas, entraram em greve, exigindo melhores salários, e não só conquistaram essa demanda, como também receberam a mesma porcentagem mínima de premiação em dinheiro para torneios que a seleção masculina, conhecida como Socceroos.
Um pouco antes, em 2017, foi a vez da Noruega de valorizar as mulheres estabelecendo igualdade salarial entre as seleções. Seguindo o exemplo do país europeu, em 2018, a Nova Zelândia – co-anfitriã da Copa – atendeu as reivindicações das jogadoras. A Federação Neozelandesa de Futebol bateu o martelo na igualdade salarial, e também igualou as premiações, os direitos de imagens e as condições de viagem da equipe.
Australia's Matildas called out gender disparity in World Cup prize money in a video statement https://t.co/zSEHFzSqgo pic.twitter.com/YwJawTIMMn
— Reuters (@Reuters) July 17, 2023
Denúncia
Pouco antes do início da Copa do Mundo Feminina 2023, as atletas da Austrália – a também co-anfitriã – denunciou, através das redes sociais, disparidade de gênero no prêmio que é oferecido às campeãs do torneio. Além disso, as Matildas também se solidarizaram com as jogadoras que tiveram negado uma negociação salarial com suas respectivas federações.
Na Copa do Mundo Masculina 2022, que aconteceu no Catar, contou com o valor total de 440 milhões de dólares. A feminina é de 110 milhões de dólares, cerca de 300% a mais do que foi oferecido pela Fifa para o torneio de 2019.
Texto produzido em cobertura colaborativa da NINJA Esporte Clube