A COP16 da Cúpula das Nações Unidas sobre Biodiversidade terminou oficialmente nesta sexta-feira (1) na cidade colombiana de Cali. Nas últimas duas semanas, Cali sediou as discussões entre as partes, embora as negociações neste momento estejam atoladas e não haja consenso sobre as principais questões, de modo que a reunião pode ser estendida por mais alguns dias.

Nos últimos dias, como de costume, as negociações se arrastaram até depois da meia-noite, mas não houve acordo em princípio sobre as duas questões mais difíceis: financiamento e mobilização de recursos e o uso e os benefícios das sequências de informações genéticas.

As discussões sobre essas questões estão ocorrendo a portas fechadas. Portanto, as organizações, os especialistas e os observadores não sabem exatamente qual foi o progresso alcançado, embora haja indícios de que alguns países endureceram suas posições, dificultando a obtenção de um consenso final. Já se fala nos corredores que as negociações poderiam ser estendidas até sábado (2).

Até o momento, foram conhecidos poucos acordos, um deles anunciado na quinta-feira (31), que consiste na aprovação do plano de trabalho para o artigo 8J do Marco Global de Biodiversidade de Kunming-Montreal, que se refere à participação dos povos indígenas e das comunidades locais. Contudo, exigem a aprovação de um órgão subsidiário ao qual a Rússia e a Indonésia se opõem e sobre o qual ainda não se sabe nada definitivo.

Como resultado, espera-se que a Cúpula apresente uma atualização nos próximos dias, com o mundo inteiro aguardando os possíveis acordos, que se materializam na publicação de textos, alcançados pelos países, mas sem saber quando serão produzidos.

O que deveria ser alcançado nesta COP era estabelecer um plano de ação claro para alcançar 200 milhões de dólares até 2030 para a conservação da biodiversidade e como canalizar esses recursos; apresentar planos de acção nacionais – apenas 44 dos 196 países os apresentaram – e um sistema de benefícios para a utilização de recursos genéticos.

COP16 em Cali

Para além das negociações, esta foi a maior COP da Biodiversidade realizada na sua história, mesmo ao nível da Cimeira sobre Alterações Climáticas, a mais conhecida e realizada todos os anos, como tem sido destacado em diversas ocasiões desde a própria Convenção sobre a Diversidade Biológica (CDB), responsável por esta reunião.

A Zona Azul tem sido o centro nevrálgico de negociações e reuniões políticas, mas a Zona Verde tem batido recordes de presença e conseguido fazer de Cali o “ramo da biodiversidade”, com atividades constantes relacionadas com a natureza e como espaço de defesa política para sociedade civil, povos indígenas e afrodescendentes.

Por outro lado, a Colômbia conseguiu colocar em debate algumas questões relevantes para o país, como o reconhecimento dos afrodescendentes e a Coligação Paz com a Natureza, à qual se juntaram 22 países, 40 organizações mundiais e cerca de 80 mil pessoas.

Com informações da Agencia EFE