Contra vontade popular, vereadores aprovam privatização da Sabesp
Políticos da base de Ricardo Nunes (MDB) optaram por ignorar a vontade popular
Na última quinta-feira (2), a Câmara de Vereadores de São Paulo aprovou a privatização da Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp), com uma votação de 37 a 17 a favor. A venda da estatal paulista para o setor privado foi duramente criticada pela população e por especialistas do setor, que alertam para os potenciais impactos negativos da decisão.
A voz da oposição foi abafada em sessões parlamentares sobre a venda da empresa, inclusive com o uso de força policial para reprimir manifestantes.
Os políticos optaram por ignorar a vontade popular. A proposta contava com a oposição da maioria dos paulistas, com 53% se mostrando contrários à privatização da Sabesp, segundo uma pesquisa do instituto Datafolha realizada há um ano, e um esmagador 97% votando contra a medida em um plebiscito recente.
Em dezembro, quando a Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp) aprovou o projeto de privatização, os cidadãos foram violentamente dispersados pela Polícia Militar, demonstrando a falta de diálogo e respeito às vozes contrárias.
O argumento de que a privatização trará benefícios para o estado é contestado por especialistas, que destacam os riscos de piora na qualidade dos serviços e aumento nas tarifas de água e esgoto. A Sabesp, apontada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) como a líder em saneamento no país, registrou lucros significativos nos últimos anos, indicando sua eficiência como empresa estatal.
O governador Tarcísio de Freitas, defensor ferrenho da privatização, ignora os argumentos contrários e insiste na necessidade da medida para universalizar o sistema de água e esgoto em São Paulo. No entanto, especialistas como o sociólogo Edson Aparecido da Silva, do Observatório Nacional dos Direitos à Água e ao Saneamento (Ondas), contestam essa visão, argumentando que a Sabesp já tem capacidade para cumprir as metas nacionais de saneamento básico sem a necessidade de privatização, como apontado pelo Brasil de Fato.
Além disso, experiências passadas de privatização no Brasil e no mundo mostram que as promessas de redução das tarifas de água raramente se concretizam, resultando, na verdade, em aumentos para os consumidores.