Contra nomeação de superintendente, movimentos ocupam sede do Incra em Alagoas
Indignação contra nomeação de superintendente levanta mobilização e demanda por representante alinhado aos movimentos de luta por terra
Na manhã desta segunda-feira (29), grupos de camponeses e camponesas ligados a diversas organizações, incluindo a Comissão Pastoral da Terra (CPT) e o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), tomaram a sede do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA) em Maceió, Alagoas. A ação visa expressar repúdio à nomeação de Junior Rodrigues do Nascimento para a superintendência do órgão, sucedendo César Lira, exonerado recentemente e indicado pelo presidente da Câmara Federal, Arthur Lira (PP).
A nomeação de Junior Rodrigues é interpretada pelas organizações como um sinal de continuidade da gestão com traços do bolsonarismo, que, segundo elas, foi herdada pela administração de César Lira desde o governo Temer. O consenso previamente estabelecido com o Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA) garantia a nomeação do servidor de carreira do INCRA, José Ubiratan. No entanto, as organizações foram surpreendidas com a nova indicação de Lira para o cargo.
Os manifestantes, munidos de faixas, bandeiras e ferramentas, afirmam que não aceitarão a nomeação de Junior Rodrigues e sinalizam uma ampla agenda de luta que demanda a nomeação de um superintendente alinhado aos desafios e expectativas da pauta agrária no estado.
Além disso, levantam a denúncia da relação de Junior Rodrigues com o Incra através da prestação de serviços de sua empresa para executar o Programa de Habitação Rural, marcado por uma série de problemas em sua condução. Para os movimentos, a nomeação de Junior acende um alerta na condução da política agrária em Alagoas, evidenciando interesses individuais em detrimento das necessidades coletivas das comunidades e organizações camponesas do estado.
O caso de Alagoas é marcado pela insatisfação dos movimentos de luta pela terra desde o governo Temer, com demandas pela exoneração de César Lira e pela indicação de um novo superintendente que atenda às expectativas de luta agrária no estado, caracterizado pela concentração de terra.
As organizações, intelectuais e instituições de ensino defendem a nomeação de José Ubiratan, servidor de carreira do órgão, também conhecido como Bira. Uma carta pública lançada por universidades federais e estaduais, além do Instituto Federal, reforça o apoio a José Ubiratan, que já conta com dezenas de apoiadores em todo o país.