Contra aborto, Brasil veta direitos reprodutivos e sexuais em texto da ONU
Governo trabalha agenda anti-aborto e contra direitos reprodutivos e comanda comitê com mais 30 países
Com informações de Jamil Chade
E mais uma vez o governo Bolsonaro joga contra as mulheres! Numa reunião entre os governos que negociavam uma resolução que está sob debate na ONU, em Genebra, a delegação brasileira pediu que o texto fosse modificado para excluir as menções sobre o direito reprodutivo e sexual das mulheres.
A resolução que será votada apenas em julho no Conselho de Direitos Humanos da ONU tem como meta combater a discriminação contra as mulheres. O governo aceita o acesso das mulheres à saúde sexual e reprodutiva, mas sem que a referência cite a criação de um direito.
O processo de elaboração do texto final ainda está sob consulta. Mas, se mantida a prática no conselho nos últimos anos, dificilmente o pedido brasileiro será atendido.
É notório que medidas vem sendo tomadas pelo Brasil para dificultar o acesso ao aborto legal para mulheres e meninas, que está previsto em lei, incentivando uma mobilização ultraconservadora a lutar pela diminuição dos direitos.
O caso da menina de 11 anos impedida de realizar um procedimento legal em Santa Catarina é um exemplo. Induzir uma criança a manter de uma gestação fruto de estupro é lutar pelo oposto ao direito reprodutivo. O Brasil também compõe uma aliança de 30 países, que antes era comandada pelo governo de Donald Trump, que tenta promover uma agenda anti-aborto.