Em um marco da presidência brasileira do BRICS em 2025, o Conselho Popular do bloco apresentou neste domingo (6), no Rio de Janeiro, um documento com recomendações à Cúpula dos Líderes. O material foi aprovado durante sessão especial realizada ao longo de dois dias de debates, e é resultado de meses de trabalho que envolveram 120 organizações da sociedade civil dos 11 países que integram o BRICS.

Criado em 2024, o Conselho Popular do BRICS entrega pela primeira vez uma contribuição oficial aos chefes de Estado do bloco. O chamado caderno de recomendações reúne propostas sobre temas estratégicos, como a criação de um regime global de saúde pública, educação com base em referências não ocidentais, justiça climática, desenvolvimento sustentável, integração cultural, novo sistema financeiro multipolar, soberania digital, inteligência artificial, governança e o fortalecimento institucional do BRICS com base no respeito à soberania e na promoção da paz mundial.

Foto: Priscila Ramos

As propostas foram construídas por consenso e refletem o amadurecimento das agendas prioritárias para os movimentos sociais e organizações populares dos países-membros. “Esperamos que o diálogo entre governos e sociedade civil fortaleça ainda mais as iniciativas de cooperação do bloco”, afirmou o coletivo de conselheiros.

A entrega simbólica do documento foi feita durante a Cúpula por representantes do Brasil, Rússia e África do Sul: João Pedro Stedile, da direção nacional do MST; Victoria Panova, vice-reitora da Escola Superior de Economia da Universidade Nacional de Pesquisa (HSE University) e presidente do conselho de especialistas do BRICS russo; e Raymond Matlala, da Associação da Juventude dos BRICS da África do Sul (Sabya). Stedile foi o porta-voz do grupo na cerimônia.

O documento também aponta a necessidade de criação de novos mecanismos de cooperação internacional diante da crise de governança ocidental, defendendo medidas concretas para enfrentar a pobreza, a fome e a desigualdade. Entre as propostas estão o fomento a projetos sociais com apoio do Banco dos BRICS, a criação de uma Big Tech pública e acessível aos povos do Sul Global, a superação da dependência de moedas ocidentais e a taxação de grandes fortunas.

“Nos somamos às declarações do presidente Lula em defesa da entrada de novos países no BRICS. E queremos registrar nossa posição: é urgente mobilizar todos os esforços para salvar o povo palestino do genocídio. Condenamos todas as guerras, em especial a agressão contra o povo do Irã”, declarou Stedile durante o evento.

O Conselho Popular do BRICS já tem novas atividades previstas. Em setembro, na África do Sul, haverá uma formação voltada à juventude. Em outubro, o Brasil sediará uma conferência internacional com representantes dos países-membros para consolidar um plano de trabalho a partir das recomendações entregues à Cúpula. Em novembro, um novo encontro acontecerá na Rússia, dando continuidade às ações do grupo.

Confira o Caderno de Recomendações do Fórum Popular dos BRICS 2025 na íntegra