Conselho de Direitos Humanos desembarca no RJ para investigar neonazismo
Durante a visita ao Rio de Janeiro, a delegação do CNDH terá reuniões com autoridades policiais e judiciais para coletar dados e informações
Nesta segunda-feira (24), uma delegação do Conselho Nacional de Direitos Humanos (CNDH) chegou ao Rio de Janeiro para uma série de audiências e encontros que visam apurar o avanço do neonazismo no Brasil. A visita, que se estenderá até sexta-feira (28), inclui atividades tanto na capital fluminense quanto em Niterói, e faz parte de uma série de viagens que começaram em abril deste ano em Santa Catarina, com outros estados ainda a serem visitados.
O CNDH, criado pela Lei Federal 12.986/2014, é responsável por promover e defender os direitos humanos no país. Com autonomia, apesar de ser vinculado ao Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania, o conselho é composto por 22 membros, sendo metade designada por órgãos públicos e a outra metade por representantes da sociedade civil, eleitos em encontro nacional. Recentemente, o conselho tem se concentrado no aumento das células neonazistas no Brasil, sob a coordenação do conselheiro Carlos Nicodemos, que criticou a falta de políticas específicas para combater esse problema.
Durante a visita ao Rio de Janeiro, a delegação do CNDH terá reuniões com autoridades policiais e judiciais para coletar dados e informações. Duas audiências públicas serão realizadas na capital: uma na seccional da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-RJ), no centro, e outra no Memorial do Holocausto, na zona sul. Em Niterói, haverá uma audiência pública na Câmara dos Vereadores. Também está previsto um painel acadêmico na Universidade Federal Fluminense (UFF), com participação de três especialistas no tema do fascismo e neonazismo.
As preocupações do CNDH com o crescimento de grupos neonazistas já foram levadas ao Conselho de Direitos Humanos da ONU. Um relatório preliminar, entregue em abril, descreveu a situação como “alarmante”, reunindo dados de inquéritos da Polícia Federal e denúncias processadas pela Central Nacional de Crimes Cibernéticos. Estudos da antropóloga Adriana Dias, falecida no ano passado, indicaram um aumento de 270,6% nas células neonazistas no Brasil entre janeiro de 2019 e maio de 2021.
*Com informações da Agência Brasil