Por Laura Süssekind

Suely Bispo é uma figura muito marcante do cenário artístico brasileiro, reconhecida por sua contribuição ao teatro, cinema e literatura do país. Formada em História e mestre em Estudos Literários pela Universidade Federal do Espírito Santo (UFES), Suely tem mais de duas décadas de carreira dedicadas à arte, se manifestando em diversos formatos, da atuação à poesia. Sua recente homenagem no 31º Festival de Cinema de Vitória enfatiza ainda mais sua relevância na cultura do país.

Nascida na Bahia, Suely se mudou para o Espírito Santo para morar com o pai, após a separação de seus pais e aprovação no vestibular. Em Vitória, iniciou seus estudos em História na UFES, onde foi introduzida ao mundo do teatro por sua amiga, Veronica Gomes. A partir daí, veio também seu envolvimento com a poesia, consolidando a arte como parte inseparável de sua vida.

Sua trajetória no cinema começou com o filme 3331 (2011), dirigido por Jorge Nascimento. Desde então, ela participou de Beatitude (2015), de Délio Freire, Os Mais Amados (2018), de Rodrigo de Oliveira, A Matéria Noturna (2021), de Bernard Lessa, e Destinos das Sombras (2023), de Klaus Berg. Na televisão, Suely destacou-se como Doninha na novela Velho Chico (2016), de Benedito Ruy Barbosa, exibida pela Rede Globo.

No teatro, Suely se envolveu em diversas produções. Um de seus trabalhos mais notáveis é Shakespearianas (1998), uma adaptação de textos de personagens femininas de William Shakespeare, com dramaturgia própria. Sua parceria com o Teatro Experimental Capixaba começou com o espetáculo Fausto (1995), inspirado nas obras de Marlowe e Goethe, e continua até os dias atuais com Corpus em Vidas (2023).

Além de seu trabalho no cinema e teatro, Suely Bispo é uma poeta aclamada. Entre suas obras publicadas, Desnudalmas (2009), Lágrima Fora do Lugar (2016) e Conversas Com o Silêncio (2022) são do gênero da poesia. Em entrevista ao programa Dedo de Prosa, disse: “É preciso falar sobre literatura produzida por escritores negros porque a literatura também é nosso lugar de fortalecimento e resistência”.

Em julho de 2024, Suely Bispo foi homenageada no 31º Festival de Cinema de Vitória, recebendo o Troféu Vitória e o Caderno da Homenageada Capixaba. Durante a cerimônia no Teatro Glória, Suely foi ovacionada pelo público, em momento de muita emoção e merecido reconhecimento. Em seu discurso, ela expressou gratidão e destacou a importância da representatividade e da responsabilidade social do artista. “Nossa, é muita emoção, realmente é impossível não chorar. Só quero realmente agradecer muito ao convite (…). Sou aquela menina que saiu de Salvador e veio morar em outro lugar. Deixei minha mãe, minha irmã e meu namorado na rodoviária. Parecia até imagem de filme. Sou aquela menina que virou capa de livro. Livro feito de silêncio, de lágrimas de alegria, de tristeza, lágrima fora do lugar.”

A noite foi marcada também pela entrega de uma joia exclusiva da Carla Buaiz, entregue por sua amiga e atriz, Veronica Gomes – a mesma que a trouxe para o teatro. Suely destacou também a influência de figuras importantes do cinema brasileiro, como Zezé Motta, Lázaro Ramos e Ruth de Souza. Além disso, enfatizou a necessidade de reconhecer o trabalho de artistas negros que abriram caminho para as futuras gerações.

Suely Bispo é uma artista multifacetada, com dedicação aos palcos, às telas e aos livros, e se tornou essencial na cultura brasileira. Seu compromisso e talento inspiram novas gerações de artistas e espectadores, e a homenagem no 31º Festival de Cinema de Vitória é mais um marco de seu impacto para as artes no Brasil.