Por Luiza Corrêa

Para todo fã de esporte, o mês de Julho de 2024 estava sendo esperado de maneira ansiosa para finalmente conhecermos os nomes que defenderão nossa bandeira nas Olimpíadas de Paris. Com o ciclo olímpico menor do que estamos acostumados – apenas três anos -, tivemos a chance de especular bastante quais atletas fariam parte da lista de convocados da maioria dos esportes coletivos e, obviamente, torcer para que nossos jogadores favoritos integrassem tais comissões. 

De todos os esportes para os quais o Time Brasil conseguiu classificação, dois em especial moram no coração dos brasileiros: Vôlei e Futebol. Mesmo sem a Seleção Masculina de Futebol confirmada em Paris, as Guerreiras deste solo, vindas de uma participação não muito satisfatória na última Copa do Mundo, prometem uma edição inesquecível de Olimpíadas, onde veremos a possível última dança da rainha Marta com a camisa 10 e a busca incansável pelo primeiro ouro da amarelinha sob o comando de Arthur Elias. 

Já nas quadras, as comandadas do técnico multicampeão José Roberto Guimarães seguem a capitã Gabriela Guimarães no caminho para o tricampeonato e o tão esperado fim de uma nova Era de Prata que a equipe vem enfrentando há algum tempo. Depois de uma primeira fase invicta que levou ao quarto lugar da Liga das Nações, preparatório para as Olimpíadas, as atletas se preparam para trazer as medalhas de ouro de volta para Saquarema. 

No entanto, mesmo com bons amistosos dentro dos campos e uma onda de bons momentos das meninas do vôlei, nem todas as relacionadas podem carimbar seu passaporte em direção à Cidade Luz. As listas de convocação não saíram muito do que os técnicos de cada equipe vinham seguindo em seus trabalhos, contudo, a falta de quatro nomes em específico – e as escolhas de substituição para estes – pegaram alguns torcedores de surpresa. 

KISY NASCIMENTO

Foto: BSR Agency/Getty Images

A oposta da equipe campeã da última Superliga, Minas Tênis Clube, veio de uma temporada especialmente desgastante. Jogando há duas temporadas de titular sem uma oposta reserva para dividir a posição, Kisy chegou à final do Sulamericano de Vôlei comemorando a vitória em cima do rival Dentil Praia Clube em lágrimas enquanto discursava sobre sua entrega ao time. A camisa 16 da seleção foi eleita a jogadora mais valiosa da temporada 23/24 da Superliga pela segunda vez e chegou a Saquarema com o nome quase confirmado para integrar a comissão de José Roberto. Contudo, seu desempenho durante a Liga das Nações não se igualou às expectativas, nem ao seu potencial. 

Kisy pontuou em apenas sete de dez jogos na fase de grupos, não conseguindo ultrapassar os 30,19% de eficiência, o que é um número relativamente baixo para uma jogadora que atua em uma posição onde seu fundamento principal é o ataque. O cansaço pode explicar seu baixo desempenho, o que torna seu corte não tão polêmico quando observamos os números. Tainara Santos, a oposta que também brigava pela vaga, entregou mais de 54% de eficiência em ataques e um total de 42 pontos – 16 a mais que Kisy – durante sua participação na VNL. 

Mesmo não tendo sua estreia em Olimpíadas em Paris 2024, a jovem de 24 anos que já conta com duas Superligas, uma Supercopa e uma Copa Brasil no currículo tem tudo para se manter na briga em busca do seu sonho olímpico nos próximos ciclos.

BYANCA BRASIL

Foto: Livia Villas Boas/CBF

Byanca Brasil, também conhecida como Rainha das Lambretas, sempre chamou a atenção dos espectadores pela sua facilidade em marcar gols em qualquer campeonato que disputava. Em sua passagem de onze jogos pela Seleção Brasileira de Futebol Sub-20, a atacante marcou sete gols e mostrou que não era apenas uma ótima jogadora em clubes. Em 2023, Byanca foi anunciada pelo Cruzeiro como o reforço que levaria a equipe até a classificação inédita para a segunda fase do Campeonato Brasileiro de Futebol Feminino. Não é surpresa para ninguém que a camisa 10 seguiu em grande fase também pelo ano de 2024. 

Para os amistosos contra a Jamaica que ocorreram em Junho deste ano, o técnico Arthur Elias contou com a jogadora para iniciar o jogo na Arena Fonte Nova. Era a primeira vez que Byanca estava defendendo a seleção principal de seu país e, apesar de não conseguir conter as lágrimas durante a execução do hino nacional, a partida não pareceu ter pesado para ela. 45 minutos jogados com muita elegância, técnica e, é claro, um show de lambretas. Apesar de não ter marcado gols, a atacante chamou a responsabilidade na hora de cobrar faltas e, inclusive, teve sua substituição questionada. A maioria do público concordava que Byanca merecia mais minutos e mais chances de mostrar o seu trabalho.

Mesmo assim, quando Arthur Elias anunciou quem levaria para a Granja Comary e, subsequentemente para Paris, o nome da artilheira do Cruzeiro não apareceu nem entre as suplentes, dando lugar à Kerolin, atacante do North Carolina Courage e MVP da temporada de 2023 do campeonato americano, que está voltando de lesão e ainda não jogou esta temporada. 

CRISTIANE ROZEIRA

Foto: Brad Smith/ISI Photos/Getty Images

Qualquer brasileiro que acompanha pelo menos um pouco de futebol feminino sabe exatamente o que o nome Cristiane Rozeira significa para a modalidade. A atacante, que anunciou saída do Santos no início deste ano depois de 120 gols marcados em 140 partidas, deu início a uma temporada brilhante no Flamengo como titular absoluta no time carioca. Apesar da campanha irregular que o Clube da Gávea tem apresentado, a experiência e maestria de uma boa goleadora mantém a camisa 11 na briga pela artilharia do campeonato, tendo marcado 11 gols em 12 partidas. 

Mesmo com cinco edições de Copa do Mundo no currículo, Cris fez história em 2016 ao se tornar a maior artilheira da história das Olímpiadas, dentro de um Engenhão lotado. Sua contribuição para o 5 a 1 contra a Suécia anotou o décimo quarto gol de sua carreira olímpica e a consagrou com um recorde que até hoje não foi batido. Craque inegável que ainda contava com a possibilidade de lutar pelo primeiro ouro do Brasil no naipe feminino, Cristiane tem uma história brilhante vestindo a camisa da seleção e sua falta já foi sentida nas convocações  para a Copa do Mundo de 2023. A mudança de técnico e a presença da jogadora nos amistosos de Junho contra a Jamaica cresceram as esperanças de sua convocação para Paris, contudo seu nome não apareceu entre as escolhidas. No Instagram, Cris lamentou a não convocação e desejou uma boa competição para as colegas em um texto bastante agridoce. Apesar da infelicidade, a atleta pediu que as convocadas se ajudem, se reergam e vivam o sonho.

PRISCILA DAROIT

Foto: Reprodução/Instagram

Presente em todo o ciclo olímpico, é possível que Priscila tenha entendido sua participação na Liga das Nações como sua última contribuição para o voleibol de seleções. A temporada da ponteira do Minas Tênis Clube foi bastante movimentada. De uma performance de gala para ajudar o Time Brasil a garantir vaga direto do Pré Olímpico de Vôlei, a perder o Campeonato Mineiro para o maior rival e ver o sonho de ser a segunda equipe brasileira a trazer um Mundial de Clubes para casa se transformar em um quarto lugar. A camisa 5 seguiu pelo returno da principal competição nacional de maneira irregular e atrapalhada por lesões. Mesmo assim, conseguiu ajudar a sua equipe a garantir um Sul-americano de Clubes e, claro, o pentacampeonato da Superliga. 

Era visível como todo minastenista e demais fãs que ela angariou durante sua carreira estavam torcendo e contando com a convocação de Priscila para as Olímpiadas. Pela idade e entrega constante, essa poderia ser a última chance e talvez tenha sido. A atleta foi uma carta na manga de José Roberto Guimarães durante todo o ciclo. Se o jogo estava apertado e o time precisava de um saque confiante, lá estava ela saindo do banco direto para uma fogueira acesa para ela. Extremamente efetiva no Pré-Olímpico, a ponteira não conseguiu repetir o feito durante a Liga das Nações. Sua participação, infelizmente, foi inconstante e custou pontos decisivos para o Brasil em erros de saque e recepções imprecisas. 

Uma lista vazada durante as primeiras horas do anúncio feito pela Confederação Brasileira de Voleibol não contava com Priscila entre as escolhidas. Mesmo assim, os fãs mantiveram a esperança viva até que o último nome fosse liberado. Natália Araújo, líbero do Dentil Praia Clube, ficou com a última vaga. Em um texto emocionado no Instagram, Priscila se despediu do ciclo e do sonho de disputar uma Olimpíada.