Conheça o Psica, festival de música que canta o Brasil a partir da Amazônia
‘’O Retorno da Dourada’’ acontece em Belém, entre 12 e 14 de dezembro
por Paula Cunha
Criado em 2012, o Psica é um dos principais festivais de origem independente do Brasil e é reconhecido por sua curadoria ousada e pela valorização da cultura amazônica: “(…) Por isso é tão importante olharmos não só para os artistas nacionais, mas também entre as nossas fronteiras de estado e com os demais países da Amazônia Internacional”, diz Gerson Dias, diretor do festival. A edição de 2024 foi histórica e bateu recorde de público, com mais de 100 mil pessoas em três noites. O Psica cresceu e hoje é um dos eixos da economia criativa amazônica. “O caminho é um ciclo” — e ele tem ficado cada vez mais bonito.
A Câmara Municipal de Belém aprovou, na quarta-feira (3), por unanimidade, o projeto de lei que declara o Festival Psica como Patrimônio Cultural Imaterial do Município. Para a vereadora Marinor Brito (PSOL), autora da proposta, o Psica “é fruto da juventude preta, indígena, periférica, LGBTQIAPN+, que transformou o improviso em política cultural de alcance nacional”. O festival se tornou referência em inclusão, acessibilidade e sustentabilidade: “É um espaço onde pessoas trans, pessoas com deficiência, mulheres, negras e indígenas são protagonistas. Celebramos não apenas um festival, mas um movimento cultural que combate desigualdades, produz pertencimento e mostra que a cultura amazônica é patrimônio do Brasil e do mundo”. “O Brasil a partir do Norte, cantar o Brasil a partir da Amazônia.” Em 2024, o Psica foi o festival brasileiro que mais destinou ingressos a pessoas trans, travestis e não binárias, com 1.078 ingressos distribuídos. O evento mantém equipes majoritariamente LGBTQIAPN+ (55%), compostas por 56% de pessoas pretas ou indígenas, fortalecendo a inclusão tanto do público quanto dos bastidores. Nesse mesmo ano, a praça de alimentação passou a contar com cardápios veganos e de baixa emissão de CO₂.
O Psica traz a trajetória dos irmãos Jeft Dias e Gerson Júnior, dois dos mais importantes produtores periféricos do Brasil. Eles cresceram na feira da Cidade Nova 4, onde ajudavam o pai a vender CDs e DVDs. Jeft lembra dos dois, ainda crianças, descobrindo o universo sonoro que misturava música amazônica, rock, brega e influências globais — elementos que formaram o imaginário criativo dos futuros diretores do Psica: “Nosso pai vendia CDs na feira e foi nossa primeira referência de ousadia musical. Aquele ambiente cheio de sons e cores nos levou por esse caminho.” O festival começou como um evento underground, totalmente independente, até se tornar o maior festival do Norte do Brasil.
“O Psica injeta dinheiro onde antes não circulava. Ele fortalece quem trabalha nas periferias e amplia oportunidades reais de renda”, afirma Jeft Dias. O evento gera cerca de 800 empregos diretos e aproximadamente 2 mil indiretos, englobando áreas como gastronomia, audiovisual, design, moda, comunicação e micronegócios periféricos.
O tema do Psica 2025 é “O Retorno da Dourada”, e Jeft Dias explica para quem não conhece: “A gente falou no ano passado da descida da dourada. A dourada é esse peixe que a gente está acostumado a comer no Ver-o-Peso, com açaí e tal. É um peixe muito afetivo, que faz parte do nosso dia a dia, do nosso cotidiano. Esse peixe carrega uma história muito legal.” A nova edição conta com mais de 70 atrações. Entre elas, nomes históricos como Dona Onete — diva de 86 anos do carimbó chamegado e grande homenageada desta edição —, Martinho da Vila, Jorge Aragão e Mano Brown; artistas que vêm definindo a música contemporânea, como Luedji Luna, Marina Sena e Urias; artistas da Pan-Amazônia já consagrados; e destaques da cena nortista, como Viviane Batidão, Wanderley Andrade, Patrícia Bastos e a aparelhagem Rubi — A Nave do Som —, além de atrações internacionais inéditas, conectando a Amazônia ao Caribe, à América Latina e até ao Japão. O festival também inclui shows gratuitos na abertura. “Nesta edição unimos gerações e estilos, do samba ao brega, do rap ao rock, sempre sob uma perspectiva amazônica”, ressalta Jeft Dias. Vai ser bom demais!
Venha ver:
Festival Psica 2025 – O Retorno da Dourada
Onde: Cidade Velha e Estádio Mangueirão, Belém (PA)
Quando: 12, 13 e 14 de dezembro de 2025
Ingressos: Passaportes a partir de R$ 125 (meia), disponíveis na plataforma Ingresse
Gratuidade: Lista TransFree e pessoas com deficiência
Redes sociais: @festivalpsica
Site oficial: festivalpsica.com.br
Como chegar:
12/12 – Cidade Velha (gratuito)
– Acesso recomendado a pé, de bicicleta, por aplicativo ou ônibus.
– Há restrição de circulação em ruas internas.
13 e 14/12 – Mangueirão
– Acesso por diversas linhas de ônibus diretas.
– Ponto exclusivo de embarque e desembarque para aplicativos.
– Bicicletário disponível.
– Portões abrem a partir das 17h.
O que é permitido levar:
– Cigarro comum
– Carregador portátil/powerbank
– Câmeras portáteis ou polaroid
– Capa de chuva
– Óculos escuros
– Álcool em gel
– Bonés, toucas e chapéus
– Mochilas e bolsas pequenas
– Pente garfo de plástico
– Alimentos destinados a pessoas com deficiência ou necessidades especiais.
O que não é permitido:
– Cigarro eletrônico
– Armas brancas
– Objetos cortantes ou perfurantes
– Armas de fogo, explosivos e materiais inflamáveis
– Cooler, isopor ou recipientes rígidos
– Garrafas e embalagens de vidro
– Drones
– Bastões de selfie
– Bebidas alcoólicas
– Cadeira de praia
– Capacete
– Câmeras profissionais
– Copos térmicos.



