Por Laura Süssekind

Nascida em Salta, Argentina, em 1986, Laura Basombrío é uma diretora e editora talentosa que vem se destacando no cinema latino-americano. Com formação em música (violoncelo) e em Design de Imagem e Som pela Universidade de Buenos Aires (UBA), onde também lecionou roteiro de documentário, Laura estreou como diretora com seu primeiro longa-metragem, “Las Almas”.

O olhar sensível e poético dela brilhou nesta obra: “É um retrato de uma mulher que vive numa vila com sua filha e já está atravessando o luto de sua mãe, que a visita em sonhos. Acho muito bonito que, através dos sonhos, elas mantêm uma relação, porque a mãe manda mensagens que impactam a vida cotidiana da protagonista. Então o filme nasce a partir dos sonhos e vai tomando outras proporções, guiadas por pensamentos e emoções da protagonista”, conta.

O filme foi aclamado na 18ª CineBH, onde ganhou o prêmio de Melhor Longa-metragem da Mostra Competitiva Território. O júri destacou a “escuta consciente do território retratado” e a coerência entre direção, fotografia e design sonoro. A narração em off da protagonista foi elogiada por sua capacidade de guiar o espectador por uma viagem entre o real e o imaginário, abordando temas de luto, cura e resiliência.

Além disso, “Las Almas” foi reconhecido com o Prêmio Abraccine pela Associação Brasileira de Críticos de Cinema, por sua habilidade de usar a linguagem documental de forma criativa, incorporando elementos ficcionais. Laura conseguiu transformar o documentário em uma experiência estética e emocional poderosa, reforçada pelo seu trabalho preciso com imagem e som.

Em entrevista, Laura comentou sobre a dificuldade de fazer cinema na Argentina, especialmente com os cortes de verbas para produções independentes. No entanto, ela se mostrou otimista: “O cinema argentino não vai morrer por decisão de um governo. Ele (o cinema argentino) é muito maior do que os caprichos de um governo de direita intolerante. Estou convencida de que encontraremos formas de continuar a fazer nossos filmes”, afirmou.

Além disso, destacou como é contraditório que o cinema argentino siga ganhando prêmios e sendo reconhecido ao redor do mundo, enquanto os governantes do país afirmam que este não ganha, nem vale nada. “Então espero que esses prêmios sirvam para mudar um pouco o setor, a mentalidade da sociedade para que valorizemos nosso próprio cinema”, enfatiza Laura que as leis e taxas precisam mudar para que a cultura seja mais acessível para todos. 

Antes de sua estreia como diretora, já havia trabalhado na montagem de filmes como “La resistencia de la especie” e “Ahora Alfonsín”, ambos lançados em 2023. Agora, após seu trabalho em “Las Almas”, ela está desenvolvendo um novo projeto de ficção, ainda em fase inicial, onde se volta também para a sua terra natal, Salta.

Com uma visão especial, olhar cinematográfico único e importante posicionamento, Laura Basombrío se torna uma voz promissora e essencial para o cinema latino-americano contemporâneo.