Por Ana Carolina Menaguali

Helena Theodoro é uma figura de destaque na história acadêmica brasileira, celebrada por ser a primeira mulher negra a conquistar um doutorado em Filosofia no país, em 1985. Sua trajetória acadêmica e ativista não só a estabeleceu como uma referência importante na pesquisa sobre cultura negra, carnaval, samba, arte, religiões de matriz africana e relações raciais, como também abriu campo para futuras gerações de estudiosos negros nas ciências humanas.

Desde a juventude, Helena revelou uma profunda paixão por questões de justiça social, identidade e cultura, uma herança dos pais. Pioneira em tratar o samba como uma disciplina científica e filosófica dentro do ambiente universitário, ela desafia normas estabelecidas e traz novas perspectivas para o estudo da tradição cultural afro-brasileira.

A conexão de Helena com a cultura afro-brasileira tem raízes que remontam à sua infância, onde a proximidade com as escolas de samba desempenhou um papel significativo em sua vida desde cedo. Esse vínculo com a tradição cultural e o carnaval foi também influenciado por seus pais, que eram militantes políticos e sociais. 

A doutora reflete sobre a importância de valorizar e reconhecer a herança cultural que recebeu, enfatizando a importância que a consciência da própria história desempenha na formação de identidade.

Com a consciência do legado deixado por seus pais, Helena Theodoro abraçou a responsabilidade de abrir portas e criar oportunidades para a comunidade negra. Em um país marcado pela marginalização histórica dos descendentes de escravizados, Helena vê no samba um meio essencial para a reconexão com as raízes ancestrais. 

Em 2024, seu impacto e contribuição foram reconhecidos quando ela recebeu a Medalha Tiradentes, a mais alta honraria do estado do Rio de Janeiro, reforçando sua presença no reconhecimento das vozes negras no Brasil.