Conheça Gabi Yoon, voz essencial de representatividade asiática na TV brasileira
Em um cenário onde a diversidade ainda encontra muitas barreiras, Gabi Yoon se destaca como uma das raras faces asiáticas na televisão brasileira. Com seu papel na segunda temporada do sitcom ‘Tem que Suar’, que estreou em Julho, no Multishow, a atriz conquista importante marco em sua carreira
Por Laura Süssekind
O Brasil está alinhado com o resto do mundo no interesse dos K-dramas, que explodiram em vários países. Mesmo assim, a presença de atores e atrizes asiáticos no audiovisual brasileiro ainda é muito limitada. Gabi Yoon, uma “Korean girl from Brazil” (Garota coreana do Brasil), está desafiando essa realidade, sendo uma das poucas artistas asiáticas a conquistar um espaço significativo na TV nacional.
Nascida em uma família coreana, Gabi traz consigo a cultura de sua origem, da qual tem muito orgulho, mas no entanto possui alma totalmente brasileira. Além disso, tem admirável versatilidade como artista, já que além de atriz, também é cantora, compositora e dançarina. Sua atuação como Kelly no sitcom “Tem que Suar,” marca sua estreia em um papel principal, onde contracena com nomes consagrados como Marcelo Serrado e Heloísa Périssé. O gênero da comédia não dá espaço para muitos artistas asiáticos, enfatizando ainda mais a importância desse marco na carreira da Gabi.
Apesar das conquistas, ela não deixa de refletir sobre os desafios que enfrenta, mas questiona sempre o que sua presença representa para outras pessoas asiáticas no Brasil: “Ainda sou uma das pouquíssimas pessoas amarelas que está no audiovisual brasileiro. Muitos artistas amarelos sonham por esta oportunidade e já até desistiram. Eu já pensei em desistir. Agora me questiono: quem eu, como Gabi Yoon, represento?”
Sobre o recém-lançado seriado no Multishow, Gabi destaca que a equipe de “Tem que Suar 2” se preocupa em evitar estereótipos e dá à sua personagem uma profundidade que vai além desses padrões comumente associados aos asiáticos, destacando outras qualidades e atributos dela: “Estamos melhorando a nossa representatividade, mas ainda há muito espaço ainda para ser conquistado. Desejo que as pessoas amarelas possam aceitar, abraçar e ter orgulho da sua raiz, sem medo de ser estereotipado”, diz.
Gabi já teve diversas conquistas importantes em sua carreira, como quando foi a voz de Ji-Young, a primeira personagem asiática no “Vila Sésamo” no Brasil – um marco para a representatividade na TV infantil. Além disso, sua presença em filmes como “7 Prisioneiros” e “Mar de Dentro” reforçou seu talento como atriz no cinema. Já como cantora, conquistou 76 jurados com sua participação no programa “Canta Comigo”.
A atriz e cantora se dedica em abrir portas para novos talentos asiáticos e busca fortalecer e ampliar o espaço para a presença desses artistas. Entretanto, Gabi reforça que sua identidade vai além de sua herança cultural e questiona a ideia estereotipada de que poderia trabalhar somente em determinados papeis. “Quero mostrar minhas habilidades além do idioma ou o fato de ser K-girl, sem que a minha raíz – que amo, considero como boas qualidades de mim – “achatar” ou estereotipar a minha carreira.”
O Brasil, apesar de estar abraçando mais do conteúdo asiático, ainda segue muito atrasado e limitado em relação a outros lugares do mundo no espaço dado aos artistas para projetos brasileiros. “Lá fora vemos mais asiáticos assumindo o elenco principal, o protagonismo, representando personagens de diferentes gêneros e características. Antigamente eles estavam mais associados a personagens de luta, Samurais, por exemplo, e em pequenas participações. Seja, negro, branco, asiático, nada impede o ator de representar qualquer papel”, aponta Gabi.
Gabi Yoon tem sua trajetória marcada por muito talento e perseverança, e abre novos caminhos no audiovisual brasileiro com suas conquistas e carreira promissora. Sua dedicação em reforçar a presença de rostos asiáticos na TV e desafiar os estereótipos mostra que seu compromisso com a arte está intercalado à importante contribuição para um futuro onde todas as culturas e origens possam ser celebradas no cinema brasileiro.