Conheça Alice Milliat: de atleta excluída a homenageada da abertura de Paris 2024
A francesa revolucionou o esporte olímpico feminino.
Por Talita Affonso Gaspar
Pierre de Coubertin é reconhecido e celebrado como o pai dos Jogos Olímpicos da Era Moderna. Ele resgatou os jogos da Grécia antiga e transformou as disputas no formato que temos hoje, no final do século XIX, com sua primeira edição em 1896.
Porém, o que poucos sabem, é que o Barão de Coubertin era absolutamente contra a participação das mulheres nos Jogos. Em algumas de suas célebres frases, ele diz: “é indecente ver mulheres torcendo-se no exercício físico dos esportes.” Na opinião dele, “uma olimpíada com mulheres seria impraticável, desinteressante, inestética e imprópria.”
Graças à “mãe” do esporte olímpico feminino, hoje podemos ver que esse pensamento do Barão não condiz com a realidade.
Alice Joséphine Marie Milliat Million, nascida em 1884 em Nantes, na França, era uma apaixonada pelos esportes, que simplesmente não aceitava o pensamento do Barão que “as mulheres serão sempre imitações imperfeitas, nada se aprende vendo-as agir, e assim, os que se reúnem para vê-las obedecem preocupações de outras espécies. Talvez as mulheres compreenderão logo que esta tentativa não será proveitosa nem para seu encanto, nem para sua saúde”. E ela tinha razão!
Ela tentou várias vezes a inclusão das mulheres nos Jogos. Mas diante a inúmeras recusas, Alice fundou em 1912 a Fédération dês sociétés féminines sportives de France e criou os Jogos das Mulheres em 1922 em Mônaco.
Reunindo delegações da França, Inglaterra, Itália, Noruega e Suécia, o sucesso começou a incomodar o Comitê Olímpico Internacional (COI) após quatro edições e com mais de 15 mil espectadores, o que fez o Comitê sentir-se pressionado a ceder às investidas da professora.
Assim, em 1928 ela conseguiu negociar a inclusão de cinco provas femininas, tendo a participação de 277 mulheres, que representava menos de 10% dos atletas, mas ainda assim, sua primeira grande conquista.
Alice Milliat faleceu em 1957 aos 73 anos e não pôde ver a ascensão incrível das mulheres nos Jogos. Talvez ela nem imaginaria que nos Jogos de Tóquio, 2020, seu legado traria equidade nos números de atletas.
Porém, 100 anos depois, ela será homenageada em Paris. Uma estátua de Alice foi inaugurada dia 08 de março (Dia Internacional da Mulher), no Comitê Nacional da França. A Arena que sediará o badminton e o taekwondo também leva seu nome.