Por Lohuama Alves

Com oito indicações ao Oscar, o filme Conclave, dirigido por Edward Berger, vem causando controvérsia e um “reboliço” nas redes sociais e na comunidade católica. Conclave traz uma análise profunda e multifacetada da Igreja Católica, da moralidade e da dinâmica de poder dentro de uma das instituições mais poderosas e antigas do mundo.


O filme retrata o processo de eleição papal, quando um grupo de cardeais se reúne em segredo para escolher um novo líder da Igreja, tradição conhecida mundialmente desde o século XIII, quando surgiu o primeiro Conclave. No entanto, mais do que simplesmente explorar questões religiosas, Conclave vai além, expondo temas de diversidade social e política.

Ainda que o filme traga questões religiosas, uma das maiores forças de Conclave é sua abordagem das tensões atuais que também atravessam as discussões internas da Igreja. A diversidade ideológica entre os cardeais não se limita a diferenças sobre dogmas religiosos, mas reflete também as questões sociais, políticas e, acima de tudo, regionais que dominam o cenário global moderno.

Enquanto um dos cardeais representa uma visão mais conservadora da Igreja, defendendo a manutenção das tradições, outro se posiciona como progressista, buscando modernizar a Igreja e aproximá-la de questões como direitos humanos, igualdade de gênero e aceitação das minorias. Essas diferentes perspectivas criam uma tensão dinâmica, não apenas entre os personagens, mas também entre as diferentes representações do papel da Igreja no mundo contemporâneo. Ao levantar essas questões de diversidade e modernidade, Conclave nos convida a refletir sobre como as grandes instituições, como a Igreja Católica, lidam com questões sociais e culturais que estão em constante evolução.

Sem dar spoiler, mas o maior impacto do filme está no plot twist final, um elemento inesperado que redefine toda a narrativa. É super válido destacar como esse final, embora chocante, faz uma crítica sutil à forma como o poder pode ser manipulado em qualquer instituição. A revelação no final do filme coloca em questão a moralidade das ações dos personagens, tornando a reflexão sobre a natureza do poder ainda mais relevante.

Essa reviravolta é especialmente significativa porque revela como os interesses individuais e os jogos de poder podem ser disfarçados sob a aparência de uma eleição divina e espiritual. A virada de chave faz com que o espectador reinterprete toda a trama, levando a uma reflexão sobre a ética das escolhas feitas por aqueles em posições de autoridade, seja dentro da Igreja ou em qualquer outra instituição.

Ao abordar a diversidade social e a moralidade de maneira sutil, Conclave se posiciona como um dos filmes mais importantes de 2025, oferecendo uma reflexão profunda e relevante para os tempos modernos.

Não é à toa que é uma das apostas para ganhar premiações no Oscar 2025, já que no último domingo (23), o filme foi o grande vencedor do SAG Awards 2026, a premiação do Sindicato dos Atores.

Texto produzido em colaboração a partir da Comunidade Cine NINJA. Seu conteúdo não expressa, necessariamente, a opinião oficial da Cine NINJA ou Mídia NINJA.