Comunidade LGBT+ será representada por três candidatas ao Senado
Marília Freire (AM) e Sara Azevedo (MG), ambas do PSOL, são as duas candidatas LGBT+ ao Senado, que também conta com Elle Machado (ES), que concorre em uma candidatura coletiva
Por Mauro Utida
Os estados do Amazonas e Minas Gerais terão candidaturas com representantes LGBT+ ao Senado Federal nestas eleições. As candidatas do PSOL, Marília Freire (AM) e Sara Azevedo (MG), são mulheres lésbicas e as duas únicas representantes da comunidade LGBT+ à Casa Legislativa que conta com 237 candidaturas, segundo o portal do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
Ambas as candidatas são do PSOL, partido que é disparado a legenda com mais candidaturas LGBTQIA+ do Brasil. Conforme levantamento da organização Vote LGBT, mais de um terço das candidaturas é do PSOL.
Em sua primeira candidatura, Marília Freire é a postulante do PSOL ao Senado pelo Amazonas aos 39 anos. Ela foi a escolhida pelo partido para quebrar paradigmas no estado que nunca teve uma candidatura LGBT+ e atualmente conta com três senadores, todos eles homens brancos e sucessores das oligarquias que historicamente comandam o estado.
Marília atua em movimentos das mulheres, contra a violência obstétrica, é ativa na frente estadual pelo desencarceramento, atuante em políticas públicas e sociais, além das pautas LGBTQIA+. “O partido entendeu que a minha candidatura vai de encontro com muitas pautas de interesse ideológico da legenda”, disse ela que concorreu a vaga com outros dois pré-candidatos.
Já o estado de Minas Gerais terá pela segunda vez uma candidatura LGBT ao Senado, a primeira foi Duda Salabert – a vereadora mais votada da história de Belo Horizonte e a primeira mulher travesti a se candidatar a uma vaga no Senado. Desta vez, é Sara Azevedo que disputa uma cadeira na casa que conta com três senadores pelo estado mineiro, incluindo o presidente Rodrigo Pacheco (PSD/MG). Aos 37 anos, ela é uma das candidatas mais nova nestas eleições a uma vaga no Senado.
“Minha candidatura é uma quebra de estereótipos no Senado dominado por homens brancos e poderosos, que possuem uma mentalidade arcaica. Nossa luta é fundamental para a construção política do país e precisamos estar representados em todos os espaços políticos”, declarou Sara, que foi candidata a vice-governadora em 2018 e é professora, esposa, feminista, militante pela educação e pela comunidade LGBT+.
Candidatura coletiva no Espírito Santo
O PSOL também terá uma representante LGBT+ no Espírito Santo. Trata-se de Rafaella Machado que se lançou na candidatura coletiva com Gilberto Campos, ativista do movimento negro no estado capixaba. Como parte de um grupo coletivo, Ella Machado, como é conhecida, foi oficializada como primeira suplente da candidatura, é bissexual e tem 36 anos de idade.
“Somos a única candidatura de esquerda concorrendo no estado. A decisão se deu para garantir ainda mais apoio e força social para campanha do Lula. “, declarou Ella, que é professora de inglês no ensino médio estadual.
“Estamos trabalhando uma campanha conjunta ao lado de Gilberto Campos. Meu papel será colocar em pauta as propostas para as mulheres, LGBTQIA+, juventude e educação. Temas que fazem parte da minha vivência como acadêmica e militante”, explica a professora que faz parte do Coletivo Resistência Feminista.
Partido com mais candidatos LGBT+
Levantamento feito pela organização Vote LGBT, que mapeou as candidaturas LGBTQIA+, mostra que o PSOL é a leganda com mais candidaturas representantes desta comunidade do Brasil.
A organização encontrou até agora 214 candidatos e candidatas autodeclaradas LGBTQIA+ pelo país, dos quais 81 são do PSOL (38%). Outras 49 candidaturas são do PT e 23 do PSB, outros partidos com maior quantidade de candidaturas. No total, 85% das candidaturas LGBTQIA+ estão em partidos de esquerda e apenas 2% em partidos de direita.
“As lutas LGBTQIA+ sempre tiveram espaço e foram protagonistas nas lutas do PSOL. Fomos por muito tempo o único partido com parlamentares assumidamente LGBTQIA+ no Congresso Nacional”, declarou o partido.
O levantamento da organização contabilizou 121 candidatos a deputados estaduais, 81 a federais, 8 a distritais, três a senador e 1 a governador.
A terceira candidatura LGBT+ ao Senado era de Paulo Anacé, do PSOL do Ceará, mas a coligação partidária daquele estado barrou sua candidatura, porém ele concorrerá como deputado federal. “Continuo sendo o único indígena LGBT candidato do estado do Ceará”, afirma Anacé.