Como Pia Sundhage mudou a seleção brasileira de futebol
Time feminino do Brasil foi renovado, mas eliminação precoce deixa a sensação de projeto inacabado e necessidade de melhoria
Time feminino do Brasil foi renovado, mas eliminação precoce deixa a sensação de projeto inacabado e necessidade de melhoria
Por Grace Ketly Barbosa da S. Lima
Talvez, nem o mais cético torcedor pudesse imaginar que a seleção brasileira cairia na fase de grupos da Copa do Mundo. A última vez que isso aconteceu foi há 28 anos, no torneio de 1995, em um grupo com Alemanha, Suécia e Japão. Mas o que mudou do ciclo de 2019 para o de 2023? Apesar do insucesso, ficamos com uma lição: não existe jogo fácil em Copas do Mundo.
Ednaldo Rodrigues, após a eliminação do Brasil, garantiu a continuidade e a intensificação do investimento no futebol feminino. Em nota, o Presidente da CBF informou que, de “cabeça fria”, irá analisar se a treinadora Pia Sundhage e sua comissão vão permanecer ou não, lembrando que as Olimpíadas de Paris já acontecem em 2024, período muito curto para que houvesse uma reformulação técnica.
Pia Sundhage e o que fica após a Copa de 2023
Antes de mais nada, é importante deixar claro que, apesar do resultado inesperado e da eliminação precoce, há um ponto a ser reconhecido: como primeira treinadora mulher da equipe em Mundiais, Pia Sundhage deixa, com a seleção feminina, o legado de um ciclo competitivo. Outro fato curioso é ela mesma não ter disputado um Mundial como jogadora. É importante frisar que a sueca é uma treinadora de primeira prateleira, tendo conquistado duas medalhas de ouro com a seleção estadunidense e um vice campeonato mundial, o que lhe rendeu o prêmio de melhor técnica do mundo, em 2012.
Com 57 jogos no comando da seleção brasileira, foram 34 vitórias, 13 empates e, apenas, 10 derrotas, resultados que dão, a Pia, um aproveitamento de 67%. A conquista da Copa América de 2022, de forma invicta e sem sofrer nenhum gol, marcou o ápice da sua passagem pela equipe.
De forma metódica e organizada, quatro anos depois de sua chegada, é impossível não reconhecer que a treinadora sueca ajudou a mudar, para melhor, o futebol feminino e o da seleção. Tirando, aos poucos, a dependência do time em relação à nossa maior estrela, Marta, levou a seleção à conquista da Copa América sem a participação da atacante, que vinha se recuperando de uma lesão.
A derrota precoce para a Jamaica é, apenas, mais um capítulo dessa renovação que vem sendo construída, portanto é necessária uma reflexão sobre os erros cometidos. Pia tem contrato até 2024 e, em coletiva, após derrota e queda na fase de grupos, Sundhage se limitou a dizer “Meu contrato se encerra no dia 30 de agosto do ano que vem”
O questionamento que vem à tona, nesse momento, é o que é melhor para o futebol feminino do Brasil? No jogo, diante das jamaicanas, nada deu certo, como não havia dado diante da França. A disposição de um time e a colaboração entre jogadoras, em campo, podem ser mais decisivos que o brilho individual. Precisamos desenvolver o senso de observação necessário para que o nosso futebol cresça e que não soframos, mais, com eliminações tão precoces.
Com informações de Estadão, Terra, Globo e Jovem Pan.
Texto produzido em cobertura colaborativa da NINJA Esporte Clube