Por Patrick Simão, do Além da Arena

Enquanto a Copa do Mundo de Futebol Feminino bate recordes de audiência, de público e de apoio, os comentários de ódio, misóginos e que tentam manter uma estrutura machista seguem tentando atacar as mulheres no futebol. A Cazé TV ocupa um importante espaço transmitindo todos os jogos da Copa para milhões de pessoas, porém, o canal do streamer precisou desativar os comentários devido aos inúmeros discursos misóginos.


A resistência contra o futebol feminino é histórica e hoje se resume a comentários raivosos nas redes sociais, visto que as competições ganham força a cada ano. Estes comentários ou são explícitos ou tentam descredibilizar a presença das mulheres no futebol. Este processo de deslegitimação pode ser visto no maior destaque a falhas e erros no futebol feminino e a críticas e piadas desproporcionais com as narradoras, comentaristas e juízas no futebol masculino. Há erros entre as mulheres, assim como há erros entre os homens. A diferença é que as mulheres têm seus nomes gravados e estigmatizados pelo público geral, enquanto os homens, quando erram ou não apresentam qualidade, são muito menos lembrados.

Recentemente, uma chamada para a Copa do Mundo mostrou lances da Seleção Francesa nos corpos e rostos da equipe masculina. Depois, demonstraram a edição do vídeo, mostrando que os lances são da equipe feminina. Apenas ao ver quem está jogando, narrando ou comentando já se cria um juízo de valor, histórico e retrógado envolvendo o gênero de quem o fez.

O futebol feminino sempre sofreu muita resistência. Em 1941, Getúlio Vargas proibiu a prática do futebol feminino, em um decreto que durou até 1979. A justificativa era de que “o futebol não faz parte da natureza feminina”, aplicando uma afirmação sem qualquer embasamento científico. A partir de 1983, o futebol feminino foi regulamentado no Brasil, mas as resistências seguiam: seja pela falta de apoio, ou por comentários e bulliyng contra mulheres que praticavam futebol.

Atualmente, não há nada que possa ser feito além de xingar raivosamente na internet. O futebol feminino se expandiu por conta própria, institucionalmente, e seu crescimento e inserção são inevitáveis.