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Intitulada ‘Holograma das Ruas’ a iniciativa nasceu do desejo de dar visibilidade e reconhecer a relevância da arte da pixação enquanto cultura urbana e periférica, que constitui a cidade de São Paulo

Com o objetivo de dar visibilidade e reconhecer a relevância da arte da pixação, enquanto linguagem e cultura urbana da cidade de São Paulo, a iniciativa ‘Holograma das Ruas’ fará projeções a laser de tags de pixo na Virada Cultural de São Paulo, entre os dias 28 e 29 de maio, a partir das 18h até as 04h da manhã. As tags, serão projetadas no Vale do Anhangabaú durante shows de artistas como Tássia Reis, Don L e Margareth Menezes. A produção da atração é de Michelle Serra, em parceria com a também curadora, Fernanda Vismoart, duas produtoras negras que atuam diretamente para dar visibilidade a outras mulheres pretas que produzem arte ou que produzem cultura na periferia.

A atuação de produtoras culturais pretas, em um evento da Prefeitura da Cidade de São Paulo, é de suma importância para promover a valorização da produção cultural preta e periférica, já que a grande maioria dos eventos nos grandes centros são promovidos por produtores culturais brancos. A invisibilização das profissionais negras faz com elas sempre estejam envolvidas em projetos em ambientes periféricos e de pouca visibilidade midiática, que muitas vezes acontecem sem patrocínio.

“Eu me inspiro em várias mulheres, que são referência para mim e que estão há muito mais tempo na caminhada de trazer o protagonismo dos artistas negros e periféricos. Então, eu acho que é super importante contribuir para dar essa visibilidade para as mulheres negras que estão no corre da produção cultural na periferia, não só para fortalecer uma a outra como inspiração, mas também para criarmos nossos espaços de fala e manter esses espaços e essa conexão entre a periferia, os jovens e a grande sociedade, que às vezes insiste em nos excluir”, conta Fernanda Vismoart, produtora e curadora do Holograma das Ruas.

E foi justamente com o intuito de fazer uma conexão entre a cultura da periferia e a grande cidade, que nasce o ‘Holograma das Ruas’, que une arte e tecnologia, marginalidade e estética moderna, fruto da união de artistas e agitadoras culturais de São Paulo e do Maranhão. O projeto chega à Virada Cultural, um dos maiores eventos da cidade, após a retomada imposta pelo isolamento social do COVID 19, construindo pontes e possibilidades entre pessoas que passam pelos pixos diariamente, mas que os enxergam com preconceito, poderem os enxergar verdadeiramente como arte essencialmente urbana.

“O que tem de mais contemporâneo no campo das artes é a pichação. A tipografia do pixo, faz parte da imagética da sociedade então não tem como a gente distinguir e colocar uma barreira entre a arte contemporânea e a pichação. Eu não acredito que as duas coisas caminham juntas porque é uma coisa só, e ter projetos como esse unindo a tecnologia com o pixo só mostra o quão plural é a linguagem do pixo e como a gente consegue alcançar lugares que não imaginávamos através dessa cultura paulistana. Então acho que projetos como esse são de suma importância para tirarmos o estigma de marginalização em torno destes artistas, que são isto: artistas, e não criminosos”, conclui Fernanda Vismoart, produtora e curadora da ação.

A idealização do ‘Holograma das Ruas’ é de Diogo Terra, responsável técnico pelas projeções, e do pixador e artista visual M.I.A., que também terá suas tags projetadas na ocasião, assim como o artivista maranhense Jah no Controle, que também é um dos curadores da ação.

SERVIÇO
Virada Cultural de SP – Holograma das Ruas
Data e horário: 28/05 às 18h até 29/05 às 04h
Local: Vale do Anhangabaú