Com futebol feminino em ascensão e o fenômeno Linda Caicedo, como a Colômbia chega ao Mundial?
Depois do Brasil, o país sul-americano com melhores resultados recentes no futebol feminino é a Colômbia.
Por Patrick Simão / Além da Arena
Depois do Brasil, o país sul-americano com melhores resultados recentes no futebol feminino é a Colômbia. O país vem de ótimos resultados no profissional, nas categorias de base, nas competições de clubes e tem uma das maiores promessas do mundo.
A Seleção principal é a atual vice-campeã da Copa América, torneio que sediou em 2022. Na primeira fase, venceram Paraguai, Chile, Equador e Bolívia, marcando 13 gols e sofrendo apenas 3. Na semifinal, eliminaram a Argentina por 1 a 0 e, na decisão, fizeram partida equilibrada contra o Brasil, sendo derrotadas por 1 a 0.
Em 2022, a Colômbia também foi vice-campeã mundial sub-17, um resultado bastante expressivo e que tem uma grande protagonista: Linda Caicedo. No torneio, as colombianas venceram México, China, Tanzânia e a Nigéria, que havia acabado de eliminar os Estados Unidos. Elas pararam na Espanha, com 1 a 0 na final. No sub-20, a Colômbia também fez boa campanha e caiu para o Brasil nas quartas, também por 1 a 0.
Linda Caicedo surge não apenas como o principal nome da base colombiana, mas como o maior nome nacional para essa Copa do Mundo. A ponta de 18 anos, que estava no Deportivo Cali, foi contratada no meio deste ano pelo Real Madrid. Mesmo muito jovem, ela já se destaca pela velocidade e pelo drible, com grande potencial para alavancar o patamar técnico, midiático e de investimentos do futebol feminino colombiano.
Linda se destacou no futebol profissional logo aos 14 anos, quando foi campeã e artilheira do Campeonato Colombiano de 2019, pelo América de Cali. Em 2020, ela enfrentou um câncer no ovário, do qual se recuperou totalmente. Em 2021, com 17 anos recém-completados foi a artilheira e melhor jogadora da Libertadores, além de ser novamente campeã colombiana. Em 2022, levou seu país aos vice-campeonatos da Copa América e da Copa do Mundo sub-17.
A Colômbia tem mais algumas jovens jogadoras em seu plantel para esta Copa: as zagueiras Ana Maria Guzmán, de 18 anos, e Angela Barón, de 19, a 3ª goleira Nathalia Giraldo, de 20, e a meio-campista Maria Camila Reyes, de 21. Além de Caicedo, a equipe tem outros nomes interessantes, como as meio-campistas Leicy Santos, do Atlético de Madrid, e Catalina Usme, do Deportivo Cali e a atacante Mayra Rodríguez, do Levante. A base da equipe é formada por clubes de 3 países: 8 atletas jogam na Colômbia, 7 são do futebol espanhol e 5 atuam no Brasil, dentre elas, a goleira titular Catalina Perez, do Avaí Kindermann.
O momento de ascensão colombiana também é refletido nas competições por clubes. Desde 2018, apenas equipes colombianas conseguiram fazer frente aos principais brasileiros: em 2018 o Atlético Huila venceu o Santos na final. Em 2020 o América de Cali eliminou o Corinthians e foi vice-campeão, perdendo para a Ferroviária. Em 2021 o Santa Fé venceu a Ferroviária e foi vice para o Corinthians. Em 2022, o Deportivo Cali venceu o Corinthians na 1ª fase e fez semifinal, com o América de Cali chegando a esta mesma fase. Agora, em 2023, a Colômbia sediará a competição.
Entretanto, apesar do grande momento, os clubes colombianos enfrentam dificuldades com o calendário nacional. Durante a Copa América de 2022, as jogadoras protestaram contra o cancelamento do calendário nacional no segundo semestre, uma medida muito prejudicial para o desenvolvimento das jogadoras e do futebol local, devido à longa inatividade.
Outra ressalva é que, apesar da grande Copa América e dos resultados recentes em clubes e base, a Seleção Colombiana não manteve um bom desempenho em 2023. Foram 6 jogos antes da Copa do Mundo, com 1 vitória por 2 a 0 contra o Panamá, 3 empates, contra Panamá, Costa Rica e México, e 2 derrotas, para Itália e França.
A Colômbia fará o seu primeiro jogo da Copa dia 24/07, às 23 horas de Brasília, contra a Coreia do Sul. Dia 30, tem um difícil desafio contra a Alemanha e dia 03/08 enfrenta o Marrocos. O favoritismo do grupo H é alemão, porém a Colômbia tem nomes individuais e qualidades de criação e defensivos, que a colocam com chances de ser superior aos outros dois rivais.
Esta será a terceira Copa do Mundo da Colômbia, que parou na primeira fase em 2011 e chegando às oitavas em 2015, caindo para os Estados Unidos. Em 2023, há novamente a perspectiva de passar para as oitavas, porém a Colômbia ainda deve ter dificuldades em avançar mais fases. No entanto, o prognóstico para a Seleção nos próximos anos é de bastante crescimento, devido aos bons resultados da base e ao desenvolvimento de Linda Caicedo.