Com dados preliminares, alertas de desmatamento na Amazônia caem 39% no primeiro semestre
No período de agosto de 2020 a julho de 2021, as áreas sob alerta de desmatamento na Amazônia atingiram a marca de 13 mil km²
No último levantamento divulgado pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), constatou-se que o desmatamento na Amazônia Legal nos primeiros seis meses de 2023 atingiu a marca de 2.416 km². Esse valor representa a terceira menor marca para o período desde o início da série histórica do Sistema de Detecção de Desmatamento em Tempo Real (Deter) em 2015.
Os dados, divulgados nesta sexta-feira (30), indicam uma queda de aproximadamente 39% em comparação com o mesmo período do ano passado. Essa redução do desmatamento é um indicativo positivo para a preservação da maior floresta tropical do mundo. Levantamento final sobre o semestre será divulgado na próxima semana.
A Amazônia Legal, que corresponde a 59% do território brasileiro, abrange oito estados: Acre, Amapá, Amazonas, Mato Grosso, Pará, Rondônia, Roraima e Tocantins, além de parte do Maranhão.
Os alertas de desmatamento são emitidos pelo Sistema Deter, que monitora diariamente alterações na cobertura florestal em áreas com mais de 3 hectares (0,03 km²). Essas mudanças podem ser causadas tanto pelo desmatamento completo como pela degradação florestal decorrente de atividades como exploração de madeira, mineração, queimadas, entre outras.
É importante ressaltar que os dados ainda podem sofrer ajustes durante a análise final do Inpe, que leva em consideração fatores como a presença de nuvens que podem interferir nas medições do desmatamento.
Até o momento, os 2.416 km² de desmatamento registrados representam uma área equivalente ao tamanho da cidade de Palmas. Essa taxa, embora acima dos valores de 2017 e 2018, ainda está abaixo dos índices alarmantes desses anos, que alcançaram 1.332 km² e 2.213 km², respectivamente.
No ano passado, a Amazônia enfrentou recordes consecutivos de desmatamento nos primeiros seis meses, com janeiro e fevereiro liderando as estatísticas preocupantes. Esse cenário foi considerado excepcional, pois geralmente esses meses correspondem à estação chuvosa, período em que tradicionalmente se observa uma redução no desmatamento.
Os especialistas atribuem os altos índices de desmatamento de 2022 a um “senso de oportunidade” dos criminosos, que receavam possíveis mudanças na política de combate ao desmatamento após as eleições presidenciais. Essa preocupação com as consequências das eleições refletiu-se nas ações iniciais do atual governo federal.
Vale ressaltar que o Deter não é considerado o dado oficial de desmatamento, mas funciona como um sistema de alerta para identificar as áreas afetadas. O Projeto de Monitoramento do Desmatamento na Amazônia Legal por Satélite (Prodes) é considerado o método mais preciso para mensurar as taxas anuais de desmatamento.
De acordo com o último relatório do Prodes, divulgado em novembro, o desmatamento na Amazônia entre agosto de 2021 e julho de 2022 foi de 11.568 km², o que representa uma queda de 11% em relação ao período anterior. Apesar dessa redução, durante os quatro anos do governo do presidente Jair Bolsonaro, o desmatamento na Amazônia aumentou em 59,5%, a maior alta percentual registrada desde o início das medições por satélite em 1988.
No período de agosto de 2020 a julho de 2021, as áreas sob alerta de desmatamento na Amazônia atingiram a marca de 13 mil km², o maior número desde 2006.
A preocupação com a preservação da Amazônia continua sendo um desafio para as autoridades e a sociedade, que precisam unir esforços na busca por soluções efetivas para conter o desmatamento e garantir a sustentabilidade dessa importante região.